quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Belém: 395 anos

Eu gostaria de escrever um poema para esta cidade, mas não sei fazê-lo. Gostaria de descrever as suas maravilhas e até poderia fazê-lo, mas hesito diante dos poréns que se poderiam levantar em relação a cada um. Gostaria de felicitá-la sem ter que fazer alusões a governos, falando apenas de suas próprias características, de seu povo, de seu modo de viver. Mas não será assim, ainda. E por mais dois anos, nada haverá que se comemore.
Por hoje, ainda é o pão-e-circo que caracteriza a data, em vez de se oferecer aos munícipes aquilo de que realmente necessitam e com urgência: dignidade.
Mas abrirei uma exceção e tentarei um toque de esperança nestas linhas. Direi que o sofrimento maltrata, mas também ensina. O eleitorado que, por duas vezes, entregou a nossa cidade à velhacaria há de compreender que os bairros alagados, os canais sujos, o trânsito emperrado, os serviços públicos ineficientes, as ruas escuras, as obras inacabadas, a suspeição de licitações e contratos, dentre tantas outras mazelas, não surgem do nada. E que queiram melhorar, depois de tudo isto.
Gostaria, enfim, de apenas comemorar. Não podendo, esperarei dias melhores. E mesmo com tudo isso, dou parabéns a Belém.

2 comentários:

toniachalu disse...

Yúdice, querido, pode ter certeza de que Belém não poderia ter mais orgulho de te ter como munícipe.
Tu és um exemplo pra todos que amam esta cidade e não suportam ver como ela é maltratada por quem tem tem como dever cuidar dos seus interesses tão urgentes.
Parabéns para Belém e para você, que nos ensina todos os dias.

Yúdice Andrade disse...

Quanto a este assunto, Tonia, vivo tão desanimado que até te agradeço pelas palavras, mas gostaria mesmo que nada disso fosse necessário e que pudéssemos, apenas, curtir o aniversário do cantinho em que vivemos.