Como qualquer brasileiro que não esteja em órbita, tenho acompanhado o drama instalado no Estado do Rio de Janeiro, por causa das chuvas. Algumas coisas são absolutamente certas e inevitáveis. Sabemos que todo ano haverá um campeonato brasileiro de futebol. E sabemos que todo ano morrerá gente em decorrência de desabamentos de encostas e inundações. Mas daí a somar 627 mortos (número deste momento), vai uma longa distância, que ainda não havia sido ultrapassada.
Tragédias como essa geram coberturas exaustivas da imprensa, com abordagens intensamente emocionais. Como se precisasse, já que o assunto em si já maltrata qualquer espírito, mesmo os menos sensíveis. É difícil assistir a essas matérias. Mas, felizmente, algumas emissoras têm exibido o sofrimento em cotejo com a solidariedade, dando grande destaque ao esforço das pessoas em socorrer os desabrigados. Alivia-me profundamente, como ser humano, saber que a resposta do cidadão comum costuma ser imediata, nessas horas.
Mas de tudo que pode ser doado — alimentos, cobertores, roupas, remédios, etc. —, nada me sensibilizou mais do que ver a enorme quantidade de pessoas se espremendo no hemocentro, para doar sangue. Normalmente, os hemocentros imploram que haja doações e a maioria dos brasileiros não dá bola. E desta vez, eles compareceram, para doar algo de seu, literalmente. Numa metáfora que até os vampiros reconhecem como correta, para doar vida.
Infelizmente, o contador de mortes ainda não parou de girar. Mas a chuva deve dar uma trégua esta semana. Que isso seja suficiente para começar a reconstrução.
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