terça-feira, 12 de abril de 2011

Interrupção seletiva da gestação: síndrome de Edwards

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara, da 1ª Vara de Crimes Dolosos contra a Vida de Goiânia (GO), autorizou aborto de um feto diagnosticado como portador da Síndrome de Edwards. Em Goiânia e Aparecida de Goiânia foram registrados 17 casos de autorização judicial de aborto nos últimos dois anos.

"A doença é caracterizada por anomalias que afetam órgãos vitais, como o coração e o cérebro", afirmou o juiz. "E há o perigo concreto de risco de vida para a gestante". O inglês John Hilton Edwards (1928-2007), professor de genética na Universidade de Oxford, foi quem identificou a doença, em 1960. Provocada pela presença de um cromossomo a mais, o 18, a síndrome provoca anomalias nos sistemas cardiovasculares, gastrointestinal, urogenital e músculo esquelético.
No caso da profissional liberal P.C., de 41 anos, a síndrome de Edwards - a segunda em maior incidência após a síndrome de Down - foi detectada na fase intrauterina, por meio de exames de ultrassom. Agora, o procedimento de aborto será realizado no Hospital das Clínicas (HC), em Goiânia.

Anencéfalo
O juiz Jesseir Alcântara comentou sobre a previsão do Código Penal (CP) para o aborto terapêutico, em casos de "perigo concreto" à vida da gestante, e em situações de risco sentimental decorrentes de estupro ou atentado violento ao pudor. Por fim, e mesmo não prevista na lei, existe a hipótese do aborto eugênico, diante do risco ou perigo de vida para o feto, ou nascer com graves deformidades.
Esta última hipótese resultou, hoje, numa segunda decisão do juiz da 1ª Vara de Crimes Dolosos contra a Vida de Goiânia. Ele autorizou o aborto de feto anencéfalo à dona de casa K.S., de 29 anos. "Nos dois casos, a Justiça considerou primordial a proteção à vida, à saúde física e psicológica da gestante", acredita a advogada Terezinha Lima Coqueiro. "Ele também salientou a alta taxa de letalidade (95%) dos fetos e dos bebês na gestação e no parto".

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,juiz-autoriza-aborto-de-feto-doente-em-goias,705339,0.htm
Para saber mais sobre a síndrome de Edwards: http://www.ghente.org/ciencia/genetica/trissomia18.htm

Digam  o que disserem, concordo com o juiz, mesmo considerando que a criança afetada pela moléstia pode viver até dois anos. Mas viver com que qualidade?

4 comentários:

Ana Miranda disse...

Eu estou 100% a favor da decisão do juiz.
Em 2001, quando eu morei em Tucuruí, aí no Pará, minha vizinha teve uma gestação de um feto com esse problema. Ela, por ser muito religiosa, levou a gestação até o final, o bebê sobreviveu umas 2 horas e morreu. Eles tiveram o maior trabalho para registrar a criança, pegar atestado de óbito e depois enterrar.
Ela disse que, se soubesse que seria tão difícil assim, teria entrado com o pedido de aborto que seu ginecologista indicou.

Yúdice Andrade disse...

Esteja certa, Ana, que quando ela mencionou dificuldades, referia-se aos custos emocionais de passar por tudo isso. Não é apenas a burocracia, mas a insensibilidade de muitos que lidam com a questão, num momento em que a pessoa está infeliz, vulnerável, precisando de apoio.
É um sofrer além do necessário.

POWERFUL GIRL disse...

se tivessemos abortado um bebe com edwards eu e minha esposa nunca teriamos conhecido nosso lindo ph o pedro henrique mais forte que cada um de nos, sim sofremos muito quando ele faleceu mas cada um de nos tem um caminho pra cumprir nesta terra e ele veio e cumpriu o dele nos nao temos o direito de intervir pedro henrique te amaremos pra sempre

Yúdice Andrade disse...

Powerful Girl, a posição de gente como eu, a Ana e muitos outros que defendem o abortamento em caso de inviabilidade de vida extrauterina não é proselitista: nós não queremos convencer as pessoas de que abortar é o melhor e, muito menos, de que pessoas nessa situação devem ser levadas ao abortamento. Queremos, apenas, que elas tenham o direito de escolher por levar a gestação adiante ou não. Pelo modelo atual, elas são obrigadas a passar por todo esse sofrimento e ainda por cima têm sobre si um monte de gente lhes dizendo o que fazer, cheios de discursos moralistas.
Nós respeitamos e valorizamos muito pessoas como você e seu marido, que por uma decisão consciente enfrentaram essa dor. Vocês são pessoas valorosas e boas, do tipo que deveria haver em maior quantidade neste mundinho complicado. Espero que estejam bem, agora.
Felicidade para vocês.