Na noite do último sábado, 2 de abril, a Prefeitura de Belém entregou à cidade a reurbanização da Av. Marquês de Herval, que agora ganhou o epíteto de "Via Parque", uma qualificação para sugerir a ideia de logradouro destinado a conjugar paisagismo e equipamentos de lazer, propiciando melhor qualidade de vida.
A inauguração, claro, contou com todo o pão e circo característico de um governo que inaugura alguma coisa a cada passagem do cometa e, sendo tão raro sair do seu imobilismo, precisa alardeá-lo ao máximo, para criar no imaginário coletivo a impressão de que trabalha.
Passei por lá hoje e vi que a avenida está, com efeito, encantadora. O que todavia não explica o tempo extraordinário que se gastou para concluir uma obra que, convenhamos, nada tem de complexo, mas que demorou devido a idas e vindas, com inúmeras interrupções, o que poderia até fazer uma pessoa menos avisada supor que alguém lucrou com essa postergação toda. Uma suposição leviana que um bom governo se encarregaria de evitar.
Mas a avenida está lá. Agora compete aos usuários, particularmente às comunidades do entorno, zelar pelo patrimônio público, assegurando sua funcionalidade e durabilidade.
Preciso lamentar, ainda, que a prefeitura tenha desperdiçado a oportunidade de resolver um sério inconveniente que afeta aquela região. Refiro-me ao fato de que a Rua 3 de Maio, no trecho compreendido entre Antônio Barreto e Pedro Miranda, é composta por duas ruas estreitas marginais ao canal, que têm seus sentidos invertidos, por decisão de algum inteligente, após as obras da macrodrenagem da Bacia do Una.
A adoção de uma inusitada mão inglesa beneficiou diretamente quem acessa a Universidade da Amazônia por ali, mas prejudica quem trafega por essas vias e precisa cruzar a Antônio Barreto. O cruzamento em questão é difícil, engarrafado várias horas por dia, o que por si só compromete a fluidez do tráfego. Mas o problema se agrava porque um condutor que deseje seguir pela 3 de Maio, cruzando a Antônio Barreto, é obrigado a cortar o caminho de quem pretenda converter à direita, na direção da UNAMA. Forma-se um "x" absurdo, que não existiria se o sentido do tráfego fosse normal.
Estou ciente de que no trecho entre a Marquês de Herval e a Pedro Miranda existe apenas uma pista, mas esta poderia ser de mão dupla, assegurando o acesso à UNAMA, sem a necessidade de uma medida tão grosseira como a que foi implantada há anos e que, infelizmente, permanece.
4 comentários:
Duvido que esses brinquedos sejam efetivamente usados, vai ter apenas uns gatos pingados utiizando-os. O prefeito deveria ter aumentado o tamanho da pista para aliviar o trânsito. Isto sim seria muito útil.
Na época da reurbanização da Av. Duque de Caxias - outro engenho que durou o triplo do tempo que seria razoável -, em que o imenso canteiro central foi reduzido para abrir mais uma faixa de rolagem em cada pista, acendeu-se intenso debate acerca de quem deve ser beneficiado pela cidade. Muitas críticas foram feitas a essa concepção de que a cidade deve ser pensada de acordo com os carros, e não com os pedestres.
Ruas largas são boas para automóveis, mas não para quem anda a pé e não para os moradores do entorno. E eu me afino a essa concepção. Nós precisamos é de qualidade de vida.
Obviamente, para melhorar a qualidade de vida, precisamos de fluidez no tráfego. Mas não é ampliando a Marquês de Herval que o conseguiremos. As soluções são conhecidas de longa data: criação de terminais de integração para transporte rodoviário; melhoramento da qualidade dos serviços de transporte público; racionalização dos sentidos do tráfego e dos estacionamentos; liberação das calçadas, hoje tomadas por entulhos e comércios clandestinos e, acima de tudo, educação para a população. Educação, inclusive, para entender que a vida não é plena apenas quando se anda de carro.
O governo se preocupa tanto em realizar novas obras em Belém que esquece de solucionar problemas antigos e necessários. Há um enorme descaso com o patrimônio público da nossa cidade que deveria ser levado em conta, conforme notícia publicada em jornal.
http://www.orm.com.br/projetos/oliberal/interna/default.asp?modulo=247&codigo=526071
Sem dúvida, das 24h28. Só de ver o estado da Praça da República, p. ex., já me dá um desespero. Publiquei sobre isso há algum tempo.
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