quinta-feira, 28 de abril de 2011

Danilo Dolci

Dias atrás, meu amigo e colega de docência Bruno Brasil encontrou um poema transcrito no livro que lia (A beleza e o inferno, de Roberto Saviano, Ed. Bertand Brasil) e teve a gentileza de relacioná-lo a mim. Enviou-me o texto e eu, logo em seguida, utilizei-o como fechamento de minha palestra na jornada de ciências criminais, ocorrida no último dia 20.
Eis o poema:

Há quem ensine

guiando os outros como cavalos,
passo a passo:
há talvez quem se sinta satisfeito
sendo assim guiado.
Há quem ensine elogiando
o que vê de bom e divertindo:
há também quem se sinta satisfeito
sendo encorajado.
Há quem eduque, sem esconder
o absurdo que existe no mundo, estando aberto a toda
revelação, mas tentando
ser franco com o outro como consigo mesmo,
sonhando com os outros como agora não são:
cada um só cresce se for sonhando.

O autor deste poema é Danilo Dolci (Sesana, 28.6.1924 Trappeto, 30.12.1997), foi um sociólogo, educador, escritor e poeta italiano.
Estudou arquitetura e chegou a publicar obras relacionadas à construção civil. Tendo morado em uma favela na região da Sicília, empenhou-se no combate à miséria reinante, angariando a antipatia da Igreja Católica (embora ele mesmo fosse um católico fervoroso), do governo, dos latifundiários e da Máfia. Tornou-se, assim, um ativista político que, baseado na não-violência, lutava por empregos e direitos civis. Tinha aversão à ditadura, por ter vivido sob o regime fascista.
Difundiu a "greve reversa", na qual os trabalhadores protestavam por trabalho, para eles um direito, mas um dever para o Estado. Liderou greves convencionais, incomodou o poder vigente e foi preso em mais de uma ocasião. Especula-se que a Máfia o deixava agir porque, sendo profundamente admirado, matá-lo poderia provocar repercussão massiva. Com efeito, ele persuadiu o governo a construir três barragens no norte da Itália, assegurando irrigação, energia e mais empregos. Também conseguiu atrair indústrias para a região.
Na década de 1960, Dolci era idolatrado na Europa e Estados Unidos. Jovens se mobilizavam para angariar fundos para suas campanhas.
Cognominado "Gandhi siciliano", por ser um declarado ativista contra a violência, chegou a ser indicado duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz.

3 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Caro Yúdice,

A referênca ao Bruno talvez tenha sido por acaso, mas cabe lembrá-lo de que hoje é Dia da Sogra.
Sendo assim, pergunto: Bruno, já afagaste (não é afogaste, hein?) a tua hoje?

Abs.

Anônimo disse...

Fala Francisco, como ensinava Maquiavel, temos que manter nossos inimigos por perto, enviei até flores para a senhora!
Yúdice,
Obrigado pela referência, e tenho certeza que você é daqueles que realmente educam, pois acompanho toda a verdade com que atua no Cesupa, gostaria de ter sido seu aluno.
Abração,
Bruno.

Yúdice Andrade disse...

Francisco, eu mandei uma mensagem para a minha sogra que, como já disse, é gente minha. Ela não mora em Belém, lembremos. Quanto ao Bruno, demos um voto de confiança para ele!

Bruno, o teu compromisso com a docência também é enorme. Não fosse assim, não nos abalaríamos tanto com as coisas que vemos e gostaríamos de mudar.
Quanto a teres sido meu aluno, não tenho idade suficiente para isso!!! ahahahahahahah