domingo, 15 de maio de 2011

Dois mundos no mesmo espaço

Quando encerrei alguns trabalhos que fazia, há pouco, para os quais precisava da Internet, aproveitei para acessar o Facebook. Acabei caindo em duas discussões relacionadas à instituição na qual leciono, completamente distintas.
Em uma delas, estamos (eu participo dessa discussão) sugerindo nomes de alunos que gostaríamos de ver, em futuro breve, como nossos colegas de docência. Trata-se de um bate papo informal entre professores e alunos, que tem como viés mais positivo ser um reconhecimento do esforço e da seriedade desses alunos que, em alguns casos ainda distantes da formatura, já demonstram ter o perfil necessário para o mundo da educação.
Na outra discussão caí por acaso, já que a atualização estava em minha tela. O que vi ali foram alunos do curso criticando algum professor em especial e, quando alguém alertou que professor também tem Facebook, outro ponderou que a página era "trancada" (creio que isso significa inacessível a quem não é amigo daquele usuário). Resultado: aparece um propondo falar mal dos professores e perguntando por quem deveriam começar.
Até a última postagem, a sessão de críticas nominais não havia começado. Mas eu lamento muito que haja essa postura no corpo discente. Claro, todo curso tem seus problemas e não é com elogios e afagos no ego que descobriremos nossos pontos falhos. Precisamos, sim, ser chamados à razão, o tempo todo. Mas isso deve ser feito em termos de crítica construtiva, e não com leviano deboche. Qual a utilidade de apenas listar supostos defeitos, por meio que sequer chegará ao conhecimento do interessado? Apenas para eu me divertir menosprezando alguém?
Isso me entristece. Inclusive porque eu sou do tipo de professor que não permite que se fale mal dos alunos. A lógica é a mesma: você critica quando pretende obter algo de bom desse chamamento, mas achincalhar não pode! A educação é um processo dialético de crescimento humano: estamos todos aprendendo, nos desenvolvendo, experimentando. Através da boa vontade e da compreensão do outro, podemos tornar esse processo mais eficiente.
Ou podemos transformar tudo numa grande piada. Só não creio que, com isso, alguém sairá ganhando alguma coisa...

4 comentários:

Maíra Barros de Souza disse...

Professor, penso que esse tipo de conversa entre alunos sobre professores sempre existiu, o que muda hoje é que as pessoas esquecem do alcance que um comentário desse tipo pode ter em uma rede social, fazendo parecer desrespeitoso pra quem lê, principalmente se o leitor for um professor, como foi o caso em questão.

Concordo plenamente que esse tipo de crítica não ajuda ninguém, e que o correto mesmo seria transformar a crítica em construtiva, dirigindo o comentário a quem realmente deve ler, o professor. Mas também sabemos que muitos professores, assim como qualquer outro profissional, não sabe administrar bem o fato de receber críticas de um aluno. Já fui alvo de tremenda antipatia por parte de determinado professor(a), por ter feito criticas à sua metodologia de trabalho.

Enfim, requer habilidade pra conviver bem nesse mundo, não seria diferente no mundo acadêmico, mas a gente tenta o quanto pode. Nós, alunos e vocês, professores. Creio que o saldo seja bem mais positivo que negativo.

Abraços e melhoras à Júlia!

Yúdice Andrade disse...

Sim, sempre existiu. Eu mesmo participei de algumas sessões do gênero, nos meus tempos de graduação. Mas eu, pelo menos, só criticava os professores faltosos, os histéricos, os irresponsáveis, etc. Nunca me dispus a sair disparando contra todos, por espírito beligerante. Talvez porque eu, ciente de que estava ali para estudar, não via meus professores como meus adversários, mas como parceiros. Os que mereciam, é claro.
A situação me entristece ainda mais porque, na UFPA dos anos 1990, havia muita gente doida de jogar pedra, ao passo que vocês dispõem de um corpo docente muito mais sério e competente do que eu tive à disposição. Quem me dera ter vivido metade da realidade que vocês vivem!
Incomoda-me a crítica injusta (na verdade, acrítica), o mais das vezes mero protesto porque o professor me obrigou a estudar (ou seja, o óbvio). O fato de isso ocorrer numa rede social só demonstra que as pessoas estão menos preocupadas com os danos que podem causar à imagem alheia. A preocupação é só não "ficar marcado" pelo professor A ou B, mas achincalhá-lo publicamente tudo bem. Um seríssimo problema de valores.
Triste.

Maíra Barros de Souza disse...

Minha intenção não foi justificar a atitude, só foi uma percepção minha sobre o assunto. Concordo sim, que a falta de avaliação das consequências de comentários desse tipo podem humilhar e achincalhar a imagem de um profissional. Só tentei fazer uma análise "do lado de cá" da questão, espero ter sido bem interpretada.
Abraços.

Yúdice Andrade disse...

Claro que foste bem interpretada, Maíra. Mas não acho que essa seja uma questão de lados, então ratifico minhas impressões.