Pesquisadores dos Estados Unidos e da Alemanha realizaram um criterioso experimento social e, ao fim dele, afirmaram que as pessoas, aparentemente, possuem uma tendência a tirar dos ricos e dar aos pobres, ainda que tal conduta possa lhes representar um custo considerável. Ou seja, dentro de cada um de nós vive um Robin Hood, movido por um senso de igualdade.
Considero a pesquisa séria e relevante, com base na reportagem que, por sinal, está bem detalhada. No entanto, aqui dentro do meu coração, não consigo assimilar com facilidade a conclusão a que chegaram os estudiosos. Se é verdadeira ou não, tenho resistência para aceitá-la. E não porque deseje reforçar os famosos clichês de que os políticos roubam, de que as pessoas são más ou maliciosas, que querem se dar bem a todo custo, etc. É que vemos cotidianamente tanta maldade no mundo, tantas barbaridades gratuitas ou causadas por motivos tão incompreensivelmente egoísticos, que me parece suspeito que as pessoas tenham mesmo essa propensão ao bem.
Nem o bom selvagem de Rousseau, nem o homo homini lupus de Hobbes. Acredito que o nosso mundo é composto por pessoas essencialmente boas (a minoria), pessoas essencialmente más e pessoas que, maniqueísmos à parte, são mais levadas por conjunturas, por imediatismos, por sentimentos impulsivos, do que verdadeiramente por valores sedimentados em sua personalidade (a grande maioria). A maioria dos habitantes da Terra se assemelha às ondas do mar, que vêm e vão, sendo capazes de ações extremamente boas e altruístas quando de ações perversas e injustificáveis — a depender de suas conveniências e motivações. Por isso é tão importante cultivar bons valores e sentimentos, a fim de que essa maior parcela da humanidade, flexível em sua conduta, seja inspirada a uma postura mais generosa com o semelhante.
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