Se campanhas educativas dessem certo no Brasil, dentre outras possíveis consequências, o número de fumantes e de adolescentes grávidas não viveria em ascensão, a AIDS teria declinado e os acidentes de trânsito teriam decaído em proporções impressionantes. Afinal, estatísticas que vejo há muitos anos apontam o mesmo resultado: excesso de velocidade, desobediência à sinalização, embriaguez e falta de manutenção do veículo sempre foram, e continuam sendo, as principais causas de acidentes. Nos últimos anos, o uso de celular engrossou a lista, mas embora seja uma das infrações mais freqüentes hoje, não creio que seja o real responsável por muitos acidentes. Asseguro, contudo, por experiência própria, que a desatenção momentânea por olhar o aparelho, ou ver quem está chamando, ou digitar um número, é suficiente para levar a um acidente. Mas sempre achamos que não acontecerá conosco, certo? Que é só um momentinho, uma bobagenzinha, etc.
Diante disso, acho oportuna a exposição de veículos acidentados que está desde ontem na Almirante Barroso, em frente à Praça da Leitura. Lamento apenas que seja de pequenas dimensões, com apenas quatro automóveis e uma motocicleta. Penso que deveriam ter posto mais veículos, incluindo ônibus e caminhões, ocupando todo o perímetro, e que ao lado das faixas com frases de efeito — "este motorista achou que não estava embriagado" e "este morreu porque estava sem cinto de segurança", p. ex. — deveria haver cartazes com maiores informações sobre o acidente real, a fim de dar credibilidade.
O choque provocado pela visão dos veículos pode influenciar de verdade. Lembro-me que, quando criança, adorava viajar com o braço para fora e, quando advertido por algum adulto, sentia prazer em desafiá-lo. Anos depois, vi uma grande exposição fotográfica na Praça da República, organizada pelo DETRAN. Depois dela, nunca mais pus meu braço para fora. Uma imagem me educou por toda a vida.
Terrorismo, porém, não adianta sozinho. Nem adianta se vier acompanhado de moralismo. A conscientização advém da conversa franca, da apresentação de dados concretos e da ausência de posturas de donos da verdade. E quanto mais cedo começar, melhor, daí que são bem vindas as atividades com as crianças, na praça, comandadas por educadores.
Espero que iniciativas assim se repitam, mas que os organizadores se dêem ao trabalho de entrevistar o público, a fim de constatar que efeitos elas realmente tiveram, podendo-se organizar melhor os eventos futuros.
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