sexta-feira, 6 de abril de 2007

Ponte para mundos mais felizes

Os adoráveis AnnaSophia Robb (Leslie) e Josh Hutcherson (Jesse):
a maravilha de uma grande amizade

Acabei de ver Ponte para Terabítia, filme vendido como infantil (sabe como é, o público brasileiro é meio limitado para classificações), mas que não necessariamente se enquadra nessa classificação. Que o diga o garotinho sentado na fila atrás da minha, que lá pelas tantas começou a cantar, entendiado que estava.
Ponte para Terabítia fala sobre amizade, tema recorrente no gênero, enfocando dois pré-adolescentes tidos por "estranhos", que não se relacionavam bem em seus respectivos meios. Mas eles se conhecem e suas prodigiosas mentes artísticas — a dele, pictórica; a dela, literária — os levam a engendrar o reino de Terabítia, onde estariam destinados a reinar, após vencer o Senhor das Trevas.
Em vez de usar um clichê do gênero, em que os personagens atravessam uma espécie de portal e chegam a um mundo real, digamos, numa outra dimensão, Terabítia é nitidamente o fruto de mentes fantasiosas. Mesmo nas poucas cenas que dão concretude à fantasia, nota-se o uso de elementos circunstanciais, como certas disposições das árvores, interpretadas pelos garotos como monstros ou gigantes.
Acima de tudo, o tratamento dado a amizade e às relações parentais, com delicadeza e lirismo, torna o filme uma experiência inesquecível. Mostra-nos, mais uma vez, como devemos cuidar bem de quem amamos, a fim de não lhes causar traumas irreparáveis, tais como o da menina violenta, mentirosa e extorsionária que mais não era do que vítima das surras paternas. Destaque para a linda cena em que a família de Leslie pinta a casa, todos juntos, brincando, sob o olhar impressionado de Jesse, que há muito tempo não recebe carinho dentro da própria família. Fica evidente como a vida das pessoas vai-se transformando.
Isto não é uma crítica, posto que críticas cinematográficas costumam ser escritas por pessoas frustradas e mal amadas, ou no mínimo ranzinzas. Sou apenas ranzinza; o resto, não. Então recebam estas linhas como, apenas, uma recomendação para irem ao cinema, emocionarem-se de verdade, mas sem pieguice, e depois voltarem para junto de seus amores, oferecendo-lhes o melhor que tiverem.
Afinal, nunca se sabe quando a corda vai arrebentar...

Bridge to Terabithia, de Gabor Csupo, 2007, Walt Disney Pictures / Walden Media / Lauren Levine Productions Inc. / Hal Lieberman Company

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o post, embora ele tenha terminado com uma frase bem "Yúdice", na minha opinião, e que me faz franzir o cenho. Viste a minha emoção durante o filme e sabes de minhas expectativas enquanto mãe. Sei que posso compartilhá-las contigo, para que possamos instigar nosso filho a todo o seu potencial.

Yúdice Andrade disse...

Meu amor, as coisas realmente são assim. Mas não entremos no mérito do filme, para evitar spoilers.