quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Desta vez foi o Clóvis

É fato que há mais policiais na rua hoje do que no começo do mês. Eu os tenho visto aqui e ali, embora sem dúvida em número bem inferior ao necessário para nos dar a ansiada sensação de segurança. E pouco os vejo à noite.
No dia 1º deste mês, Clóvis, que foi meu aluno, foi pegar seu carro, estacionado na Praça Barão do Rio Branco, bem em frente à OAB. Ao aproximar, viu um casal abraçado e um outro rapaz, conversando sentados em um dos bancos da praça. Tudo muito trivial. Todavia, quando tentou destrancar o veículo, foi rendido à mão armada pelo trio. Mandaram que entrasse no carro, senão morreria. A seguir, mandaram que rumasse para o Conjunto Marex, pelo caminho que fosse mais rápido.
No trajeto, subtraíram celulares e dinheiro, enquanto Clóvis chegava à conclusão de que não sabiam dirigir nem conheciam a melhor rota para chegar ao seu destino. Eram inexperientes, mas tinham um revólver e, nele, duas balas. Passaram por uma viatura da PM e os criminosos mandaram que passasse rápido e sem despertar suspeitas.
Ocorre que o combustível estava no fim e, após muita discussão e ameaças de morte, eles concordaram em parar para abastecer. Pararam naquele posto da Almirante Barroso que fica logo após o Hospital Belém, na esquina da Angustura. Ali Clóvis estacionou o veículo em uma posição que, a seu juízo, facilitaria a fuga dos meliantes. Ele queria pular do carro e facilitar a evasão dos criminosos, para não ser feito refém nem haver disparos. Ele de fato saltou e, ao tentar correr, acabou caindo e deslocando o ombro direito. Gritou que era um assalto. Sua ideia funcionou: assustados, os delinquentes fugiram sem agredir ninguém. Ele conseguiu superar essa horrível experiência com um dano físico sanável e um prejuízo econômico diminuto (dois celulares velhos e um pouco de dinheiro). Diz ele, porém, que pelo menos cinco pessoas para as quais contou sua história informaram ter passado por algo parecido.
Listar este ou aquele episódio criminoso já faz pouca diferença. Não se destaca na multidão. O fato de eu mencionar este, aqui, é porque sentimos com mais angústia os acontecimentos que atingem pessoas próximas. E para alertar que o sequestro-relâmpago aconteceu no centro da cidade, às 20 horas, o que coloca qualquer um de nós como vítimas potenciais.
Todos sabemos dos riscos esperados de andar nas ruas de Belém, hoje. mas quantos efetivamente redobraram a atenção por causa disso? Melhor fazê-lo, porque a polícia ainda não está disponível na hora em que realmente precisamos. Que o diga minha tia, derrubada de sua bicicleta na semana passada e salva do roubo pela eventualidade de ter passado um carro nesse momento, tendo ela pedido auxílio ao motorista.
Tome cuidado. Sempre.

4 comentários:

Itajaí disse...

É assustador, Yúdice. Na tua opinião, o que está faltando para a tal política de combate à violência aparecer com resultados?

Anônimo disse...

O que tá faltando é a gente tomar vergonha na cara e parar de vez com esse discurso do pobre-coitado-carente-que-tornou-se-meliante-por-falta-de-oportunidade!!!! Por outro 'urbanizar' as baixadas de Belém e região, nascedouros de bandidos aos magotes! Como disse Che: Endurecer, mas não perder a ternura!

Anônimo disse...

A violência e a criminalidade são fatos que estão ai , nas ruas, nos bancos de escola, na sociedade de forma enraizada. Não adinate qrere resolvre o roblema com umtiro de canhão ou ma canetada de um dos governantes de plantão. É necessário investimento em educação, emprego, cultura, responsabilidade social, somente dessa forma poderemos a médio e longo prazo amenizar o problema. A curto prazo amigos, é a luta pela sobrevivência, evitar lugares inadequados, cercar a residência de obstaculos ao crime, deixar de conversar na calçada ( como eu gostava disso), deixar de ir ao cinema, teatro e museus em sessões noturnas ( Também gostava disso) , ou seja mudar hábitos de vida e buscar adequação aos dias atuais onde o bandido muitas vezes esta travesitdo de policia e o perigpo porde estar a espreita em qualquer praça, parque ou similares. Quando criança brincava na rua: pega pega, pira esconde, empinar pipa, bola, pira alta. Hoje meu filho infelizmente brinca em clubes fechados ao final de semana , no prédio ou na frente do computador ou video game. Nunca sabera o gosto que é subir numa arvoré, cortar o pé na calçada correndo sem parar e coisas que tais. Embora muitos acham isso fruto do progresso , eu não acho , vejo tal situação como fruto de uma sociedade acuada e mal amparada que cecidiu não dar valor ao cidadões e apens se preocupar com bens materiais, buscando o sucesso a todo custo e por ele passando por cima de valores morais e eticos.
abraço.
Augusto Nobre.

Yúdice Andrade disse...

Está faltando, Oliver, haver uma política de combate à violência e não ações focais, como o atual policiamento reforçado na cidade. Isso faz toda a diferença, mas não resolve. E todos nós temos certeza de que não vai durar. Tomara que estejamos errados.
Seja como for, uma política de segurança pública nunca pode ser apenas uma política de segurança pública. Porque isto implica em atacar as conseqüências, não as causas. Para que qualquer medida governamental possa aspirar a dar certo, ela deve integrar um conjunto de políticas sociais. Isto pode dar certo ou não. Mas sem isto, com certeza, a coisa dá errado.

Sem dúvida, anônimo, o discurso do coitadinho, além de irritante, é irreal. O fato de que a esmagadora maioria dos pobres não é criminosa e de que cada vez mais pessoas de melhor situação financeira descabam para a criminalidade, inclusive violenta e patrimonial, desmontam a tese. O que não muda o fato, contudo, provado todo santo dia, de que a ausência de espaços sociais impulsiona as pessoas para o crime. Mas nem por isso as pessoas precisam escolher esse caminho.

Augusto, além do que disse acima, só posso concordar com o que dizes e lamentar que os tempos em que vivem nossos filhos sejam tão cheios de limitações. Jamais podemos aceitar isso como normal, muito menos como progresso. Teremos que protegê-los, meu caro. Fazer a nossa parte, já que o Estado não faz a que lhe compete.