O sinal abre e os veículos à minha frente começam a mover-se, devagar. O que vai mais à frente, uma Parati verde, para subitamente. É que um ônibus da linha Marituba/Ver-o-Peso não se fez de rogado com o semáforo e passou a toda. Se o automóvel tivesse tentado prosseguir, o coletivo não teria como parar e talvez nem como desviar: a colisão seria inevitável, sabe Deus com quais consequências.
Segue o tráfego e, metros adiante, passo pelo dito ônibus. Em sua traseira, uma publicidade com duas crianças sorridentes e as legendas: "Ensine seu pai a levar a sério as regras do trânsito" e "Trânsito não é brincadeira".
Pensei que aquele motorista grotescamente irresponsável nem sequer sabe o que está colado ali atrás, que ele exibe pela região metropolitana todo dia. Nunca viu. Se viu, foi como se não tivesse visto. Não lhe importa. Não lhe diz respeito. Ele apenas ganha a vida pondo em risco as vidas de todos. Mas criticar motorista de ônibus em Belém do Pará é trivial. Quero mesmo é falar dos empresários do setor.
Empresário brasileiro, de um modo geral, seja qual for o ramo de atuação, costuma ser bastante burro. Digo isso porque é imediatista. Persegue o máximo de lucro no mínimo de tempo, sem se importar com conseqüências, mesmo que elas impliquem no exaurimento da própria atividade econômica em si — do que o melhor exemplo é a exploração dos recursos naturais.
Se eu fosse empresário do ramo de transporte coletivo urbano, gastaria dinheiro com cursos sérios de qualificação profissional. Sérios, eu disse. E constantes. Sempre haveria algo novo. E estabeleceria uma política de resultados. Porque se o motorista dirigir com responsabilidade, o resultado esperado é a redução do número de acidentes. Com isso, menos veículos parados para conserto, menos custos com manutenção e recuperação de danos ou com seguro, menos indenizações por danos pessoais a pagar. Ou seja, menos despesas = mais lucro.
Além disso, ao criar uma imagem de qualidade e segurança perante o público, a transportadora atrairia mais passageiros e, portanto, aumentaria seus lucros.
Honestamente, acho que isso é uma questão de inteligência, para quem só pensa em lucros. E para quem é gente, é também uma questão de respeito, cidadania e solidariedade.
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