terça-feira, 9 de setembro de 2008

Noves dentro

Não me recordo em que momento descobri que meu maior anseio profissional era ser professor, mas sei que foi bem cedo, quando eu sequer tinha ingressado na universidade. E eu passei no vestibular aos 16 anos. Anos mais tarde, em julho de 1999, estive no meio de uma conversa entre duas amigas da minha sala, na UFPA, acerca de suas experiências docentes. Escutava tudo calado, com uma terrível vontade de poder participar do tema, mas não podia.
Pouco mais de um mês depois, uma delas me indicou para substituí-la na disciplina Noções de Direito, legislação e ética, do curso de Tecnologia em Processamento de Dados. Mesmo assustado com a responsabilidade, aceitei-a de pronto e comecei a preparar umas aulinhas. Foi tudo muito rápido: no dia que me convocaram para a formalização da proposta, já acabei em sala de aula. E com duas turmas diferentes. Foi assim, no turbilhão, que iniciei minha carreira docente. No dia 9 de setembro de 1999 — que eu chamava de "data cabalística", pelo excesso de noves.
Hoje, completo nove anos de atividade docente ininterrupta. Para mim, uma imensa alegria, considerando que era esse o meu projeto de carreira. Muita coisa aconteceu nesse meio tempo. Já nem sei mais quantas turmas passaram por mim, menos ainda quantos alunos. Entretanto, ainda sou capaz de reconhecer todos eles, se me aparecerem na frente, mesmo que sem os nomes, porque lembrar nomes sempre foi um problema para mim.
Não haverá comemoração pela data, que significa tanto para mim. Quem sabe no próximo ano, quando completar uma década (numa outra data cabalística: 9-9-9). Eu a passarei, contudo, no mais óbvio dos lugares: dentro de sala de aula, fazendo o que gosto. É só do que preciso.

PS — De quebra, hoje também se completam os mesmos nove anos que conheci minha esposa. No pouco tempo que tiver para estar com ela, comemoraremos colocando nossa Júlia entre nós e agradecendo a Deus pela família que construímos. Essa a única realização mais plena e feliz do que a docência. Mas em ambos os casos se trata de educar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meus parabéns, Prof. Yúdice! Que Deus o abençoe em sua profissão e que o mundo continue tendo Educadores como você. Nós precisamos.

Ternos abraços,
Alexandre (Cps/SP)

Anônimo disse...

Parabéns professor, pelos nove anos de paciência, dedicação e amor à profissão (acho que devo repetir paciência rs). Quando o professor está ali por amar o ofício, as coisas fluem melhor não? Eu já pensei muito em passar no concurso pra ser Procuradora e ainda sim lecionar IED ou Filosofia do Direito que são minhas grandes paixões, mas eu ainda sou muito tímida, ainda tenho que trabalhar bastante isso, quem sabe um dia eu supero rs. Acho que com todo esse tempo de profissão e tudo que eu já vi o senhor não precisa mais provar nada pra ninguém, já está mais do que certo que ali é o seu lugar, sem puxar saco, eu sempre vou pra final de penal mesmo rs ô matéria complicada e que eu confesso não ser das minhas preferidas rs. Mas parabéns e que ano que vem a gente comemore esses 10 anos em sala de aula rs.

Yúdice Andrade disse...

O que eu espero, amigo Alexandre, é conseguir ser esse educador que supões. Abraços.

Marcela, querida, eu sempre estimulo todas as pessoas que, espontaneamente, demonstram algum interesse pela docência. É o caso de refletir, para se chegar a uma conclusão sobre esse caminho profissional. Porque ele é muito absorvente e trabalhoso, além de não trazer retorno financeiro à altura, salvo situações muito especiais.
Asseguro, contudo, que é uma experiência deliciosa, que vale muito a pena, ainda mais quando podemos conviver com pessoas tão especiais como as que cruzaram o meu caminho ao longo desses nove anos. A tua, por exemplo, é uma turma particularmente querida, sem demagogia.
Seja como for, no dia em que completar dez anos de magistério, não estarei mais com vocês, pois se lhes ministrar Penal IV, terminaremos em junho/2009. Mas é como sempre digo: os laços fortes que se constróem são para a vida toda.

Polyana disse...

Ah, eu sei que este post é sobre magistério mas, principalmente por estar de licença e totalmente absorta na tarefa de ser mãe é que comento os 9 anos que nos conhecemos, anos maravilhosos, embora num começo cheio de percalços. Mas nossas conquistas de hoje nos fazem ver que valeu a pena. Eu e Júlia te amamos.