quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Escalpelamento

É impressionante, mas os escalpelamentos continuam a acontecer na navegação paraense. Tanto que já se falou a respeito, tantas campanhas já feitas, tantos órgãos públicos já atuaram (inclusive com a participação da Marinha) com vistas a conscientizar os usuários de embarcações e não tem jeito. A última vítima divulgada foi uma menina de 12 anos, na madrugada desta segunda-feira, vitimada em acidente ocorrido no Município de Cametá. Segundo informações, ela se encontrava em uma rede cujo punho arrebentou, fazendo-a cair. Apesar dessa circunstância pouco comum (na maioria dos casos, tais acidentes acontecem em embarcações pequenas, que obrigam os passageiros a ficar perto do motor), o escalpelamento só ocorreu pelo motivo de sempre: o motor estava descoberto, em contrariedade às normas de navegação, que exigem a colocação de uma proteção.
Talvez tenha sido a velha mania de achar que nada de mal acontece conosco, mas é justamente esse o motivo principal dos acidentes. Eu jamais me deitaria numa rede armada próxima a um motor. Muito menos colocaria uma criança. O fato é que agora temos mais uma menina sem o couro cabeludo — lesão de aparência terrível, que costumava trazer como consequência, além dos graves danos físicos, dramas psicológicos de difícil superação. As vítimas tendem a se isolar e, com isso, largam os estudos, inviabilizando as oportunidades de uma carreira profissional bem sucedida, qualquer que seja.
Está na hora de executar novas e duras ações de fiscalização e, claro, de conscientização. Do contrário, quantas meninas mais deverão sofrer?

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