Mais do mundo cão. Teria uma menina de apenas 9 anos assassinado o seu pai, desferindo-lhe uma facada no peito, acertando em cheio o coração? Ou a matadora confessa estaria sendo usada pela mãe, a fim de se resguardar da persecução criminal?
Qualquer uma das versões é terrível. Os familiares do morto afirmam que a criança, franzina, sequer teria força para dar o golpe, portanto a mãe, de 34 anos, seria a verdadeira homicida. Se assim for, que sórdido impor à filha o peso de uma culpa inexistente e grande demais para a sua idade, com riscos significativos de danos permanentes à formação de sua personalidade. Além disso, a mãe estaria manipulando a filha, dominada pelo medo de perdê-la para a prisão e fazendo com que a menina temesse por si mesma e seus irmãos.
Na outra versão, se de fato foi a criança que matou o pai, a mãe pode figurar como uma grande vítima, mas o futuro da menina continuaria nebuloso. Afinal, alguém, em tão tenra idade, ser capaz de matar o próprio pai, ainda que num momento de desespero e no propósito de ajudar a mãe, indica danos emocionais imensos. Para vencer o amor, o respeito e sobretudo o medo da figura paterna, só mesmo uma criança do século XXI, imersa na violência desmedida que nos alcança todos os dias, pela TV e pessoalmente. Nesse caso, qual o futuro das nossas crianças, trocando a inocência da infância por um embrutecimento logo na primeira fase da vida?
Se isso já é aterrador, pior é pensar que embrutecer-se tão cedo seria uma necessidade de sobrevivência.
Resumo da ópera: qualquer que seja a verdade, a civilização perdeu.
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