domingo, 16 de janeiro de 2011

Primeira reunião

Ontem de manhã, eu e Polyana fizemos nossa estreia no mundo das reuniões de pais, na escola. Durante cerca de 1 hora e 40 minutos, a equipe da educação infantil da Escola Santa Emília nos falou sobre o que pretende nos oferecer e quais colaborações espera de nós. De modo mais pragmático, o grande objetivo era tranquilizar as famílias para esta fase de introdução das crianças na escola, facilitar o processo de adaptação e evitar sofrimentos desnecessários — para crianças e adultos.
A reunião foi agradável e útil. E quem o afirma é uma pessoa que considera as reuniões como uma das principais causas de atraso da humanidade. Isto porque, além das abordagens emocionais e declarações de intenções, houve a preocupação em orientar questões objetivas com as quais precisaremos lidar, desde o cumprimento dos horários até mordidas e epidemias de piolhos. As profissionais já estão muito experientes e conhecem bem o que se passa nos corações dos pais e mães, tanto que, quando davam exemplos de atitudes inconvenientes (p. ex., a mãe que se despede da criança repetidas vezes, até que esta finalmente chora e a mãe, com isso, se convence de que é amada; fica aliviada, mas prejudica o filho), eu, que olhava de esguelha para a plateia, via mães rindo nervosas, reconhecendo-se na descrições de atitudes superprotetoras.
Ouvindo as professoras, fiquei impressionado com a constatação do quanto o mundo mudou. Sabemos disso, claro, mas chama a atenção lançar um olhar direto sobre o caso. Ver como mudamos, para pior, dos anos de minha infância para cá. Hoje, o ritmo de vida e de trabalho e as preocupações com segurança geram crianças inseguras e até mesmo fisicamente incompetentes para atividades simples (p. ex., crianças que, criadas em apartamentos, na escola têm dificuldade para pisar na areia, pois têm medo da textura desconhecida), além de gerar pais cada vez mais neuróticos, desesperados por compensações emocionais, cegos por senso de competição e com valores comprometidos. Daí que fiquei muito satisfeito com a promessa da escola de colocar, na base de sua atuação, o desenvolvimento da afetividade, como forma de ensinar cidadania aos pequenos. Ao menos nos discursos, todos os pais que se manifestaram na hora concordaram. Tomara que seja verdade.
Um aspecto particularmente interessante da reunião foi a explicação sobre psicomotricidade. É claro que você já escutou muita gente dizendo que, na pré-escola, a criança vai só para brincar. Uma manifestação não apenas de desdém, mas de desinformação (para ser educado). As professoras explicaram que essas brincadeiras (sim, são brincadeiras; afinal, é a forma de conquistar as crianças!) se destinam a desenvolver a consciência corporal, medida necessária para desenvolver certas habilidades, notadamente o letramento. Quando a criança tem problemas no uso do corpo, isso pode refletir-se em maiores dificuldades para identificar letras, notadamente para distinguir as que são parecidas ("b" e "d", p. ex.) , podendo escrever de forma espelhada (ou seja, ao contrário). Foi bastante didático.
Enfim, foi uma ótima reunião, que nos proporcionou uma grande sensação de escolha bem sucedida. Agora é esperar as próximas horas, para levar Júlia até a escola pela primeira vez. A mochilinha já está arrumada, porque mamãe é muito ansiosa.

5 comentários:

Lilica disse...

É tão engraçado ver pais empolgados,mais que os filhos, com a escola. Já passei por isso; é legal, a gente reaprende...tudo de novo. Só não vale fazer os deveres no lugar do filho(a),hein?!

Yúdice Andrade disse...

Não sei se estamos mais empolgados do que ela, porque Júlia está bem animada, também. Mas esperamos aprender muito com toda essa experiência.
No mais, podes ficar tranquila quanto aos deveres de casa. Não fazer no lugar da criança é um dogma para nós!
Abraço.

Luiza Montenegro Duarte disse...

Poxa, cheguei atrasada! A essa altura, Julia já está na escola! Espero relatos de como foi, ok? (leitores abusados, né?)
Abraços!

Yúdice Andrade disse...

Nenhum abuso, Luiza. O blog está aqui para isto mesmo. De vez em quando haverá novidades.

Wirna disse...

Professor, estudei no Santa Emília e sempre foi uma ótima escola. Tenho certeza que a Júlia vai adorar!
beijooo