segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Rio 2016

O irmão de um amigo meu, que é médico militar, lotado na Presidência da República, estava dentro do auditório em que o Comitê Olímpico Internacional anunciou o Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Presenciou uma festa gigantesca, em que ele mesmo, apesar de militar em serviço, pode pular e se abraçar junto com todo mundo, sem medo de retaliações. Governo Lula é outra coisa.
Fiquei sabendo, enfim, os números das votações de sexta-feira passada. Na primeira, o Rio teve dois votos a menos que Madri. Contudo, com a eliminação de Chicago, já na segunda o Rio obteve 46 votos. Com dois a mais, já estaria eleito. Por fim, na rodada final, venceu de lavada, com 66% dos votos.
Meu informante privilegiado disse, ainda, que cerca de uma hora após o anúncio oficial, Barak Obama telefonou para Lula. Em pleno Air Force One, o presidente americano brincou com o nosso dizendo: "Você ganhou de mim de novo!" Ainda estamos pensando em qual teria sido a primeira vez, mas tudo bem.
Lula foi incansável: recebeu cada um dos 106 delegados individualmente, para explicar os planos e as condições do Rio. Pelo visto, foi convincente. Aliás, Lula sabe ser convincente. Ridicularizado ele só é no Brasil. No exterior, é respeitadíssimo pelas maiores e mais respeitadas autoridades mundiais.
Sorry, classe média.

11 comentários:

Liandro Faro disse...

Prezado Amigo,

As referências do texto são interessantes e causaram-me reflexões sobre o andamento do Governo Federal, presidido pelo ilustre Luiz Inácio Lula da Silva, que aliás, terá um filho biográfico, lançado daqui a poucos meses.

Será que foram somentes as caracterísicas naturais da Cidade Maravilhosa e um plano de ção que influenciaram na vitória do RIO-2016?

Duvido!

O nosso Presidente possui, hodiernamente, grande influência no Mundo, e isso não se pode negar.

Queiram ou não, gostem ou não, amem ou não, o Lula deixará um legado importante para o Brasil e para o Mundo!

Anônimo disse...

Professor,
Se o senhor não sabe, nas últimas eleições, 39% entre os eleitores mais escolarizados votaram a favor de Lula, enquanto somente 27% dos mesmos mais escolarizados optaram por Geraldo Alckmin.
Evidentemente, os mais escolarizados são aqueles com maior renda, como o senhor deve saber.
Os 81% de aprovação popular do governo Lula, coletados na última pesquisa de opinião, também foram apoiados em diversos segmentos sociais, inclusive na classe média, e não somente na hipotética "classe baixa".
Finalmente, é preciso lembrar que o que o senhor chama de "classe média" cresceu exponencialmente nos últimos anos, em decorrência dos programas de distribuição de renda do governo Lula, que incluem (mas não se limitam a) o bolsa-família, este mais ligado, evidentemente, à antes considerada classe "d".
Estas considerações são para sugerir ao senhor que opere melhor os conceitos que utiliza. Se me permite dizer, o senhor começa muito bem seus textos, mas quando descamba para este viés "vingativo-proletário", torna a postagem um discurso démodé e mofado, descentralizando a discussão de modo desnecessário. Transforma o que parece ser uma justa indignação com críticas pontuais e infundadas ao Lula presidente, da grande imprensa por exemplo, em um sentimento desusado, inoperante e sem foco, que parece aqueles discursos inflamados e vazios do PSTU e do PCR, para quem não existe dimensão humana na democracia, somente a de classe.
Concluindo: pois é, burguês também vota no Lula. Com convicção, e não se envergonha disso, apesar do que o senhor pensa.
Meus respeitos.

Anônimo disse...

Agora o nosso presidente poderá dizer com propriedade que "nunca na história desse país" fomos sede de uma olimpíada.
Brincadeiras a parte, deve ser dito que seu prestígio internacional é sensacional.
Contrariamente a meu desejo a cidade do Rio de Janeiro foi eleita sede da copa do mundo. Só espero que o desvio de dinheiro não seja tão escandaloso. Triste saber que não o norte não será nem um pouco beneficiado com essa olimpíada. Pelo menos na copa do mundo houve uma divisão das sedes por regiões.

Liandro Faro disse...

Ops... Erro de digitação: Onde se encontra "filho", leia-se "filme".

Rs

Yúdice Andrade disse...

Curiosamente, Liandro, apesar de ter reparado na palavra "filho", entendi o contexto. Quanto ao mérito do comentário, só posso ratificá-lo.

Das 11h43:
1. Faço referências à classe média de propósito, com convicção, e me divirto muito com o fato de sempre alguém se ofender e vir aqui blaterar seus queixumes.
2. Eu sei, porque não sou idiota, que Lula foi eleito graças aos votos de todas as classes sociais e, da mesma forma, mantém sua extraordinária popularidade devido a todas elas. É uma questão numérica. Também sei, porque procuro me informar, que a classe média tem crescido nos últimos anos, em boa medida devido aos programas de transferência de renda e outras medidas implementadas pelo governo Lula. Aliás, penso que seja a sua maior contribuição para a justiça social neste país, em que pese minhas reservas quanto ao modo de execução.
3. Minha opinião é que os indicadores econômicos utilizados para definir as classes sociais são muito brandos, ensejando uma falsa impressão de riqueza. Hoje, com 2 mil reais de salário mensal, você entra na classe média, mas a depender do tamanho e das necessidades de sua família, pode passar o maior aperto, bem longe da ideia de que, para a classe média, sempre há conforto e sempre sobra algum.
4. Teorias conspiratórias à parte, também acredito que esses índices são algo negociados com o governo - qualquer governo -, que tem interesse direto em demonstrar que a pobreza está caindo no país, qualquer país, mesmo que não esteja.
5. Já expliquei antes no blog que uma coisa é pertencer à classe média, o que depende desses índices artificiais, e outra, completamente diferente, é possuir mentalidade de classe média, ou seja, só olhar para o próprio umbigo, ser individualista; abusar das comodidades de que usufrui; odiar as demandas populares, os movimentos sociais e as diversas formas de organização da sociedade civil, mesmo sem ter a menor noção do que isso significa; valorizar o ter sobre o ser e considerar perfeitamente natural aplicar golpes para se dar bem, seja estacionando em fila dupla, seja comprando carteira de motorista, seja usando nomes e cargos para fugir de responsabilidades e coisas assim.
6. Não tenho a intenção de abrir um glossário aqui no blog, muito menos explicar o sentido das palavras e expressões que utilizo, toda vez que as utilizar. Quem puder entendê-las, muito que bem. Se não, azar.
7. Seu penúltimo parágrafo traz uma crítica pertinente (gostei da "dimensão humana"), mas vazada numa linguagem classe média que é também antiquada, com esse papo de vingança proletária.
8. Finalmente, acredito que estamos de acordo quanto a que as pessoas que votaram no Lula, como eu (e três vezes), não precisam envergonhar-se. Aliás, é exatamente esse o mote de minha crítica, quando pretendo demonstrar o desacerto das ofensas que lhe fazem, o tempo todo, nada condizentes com a situação em que deixou o país (exceto, penso, no campo ético).
Receba você os meus respeitos. Desculpe o meu jeito bruto. É graças a ele que muitas pessoas que poderiam passar em branco pelo blog acabam deixando uma mensagem.

Das 11h49, infelizmente, não acredito que seja possível a safadeza não ser escandalosa. E lamento, também, que as Olimpíadas tenham essa caracteristica da unicidade de sede, mas compreendo que isso se explica por ser um fator de congregação de todos os povos. E para congregar, todos devem estar na mesma cidade. Acho uma mensagem moral valiosa.

Nilson Soares disse...

Yudice,

Á propósito do comentário anônimo afetado (por isso é que eu não gosto desse negócio de permitir postagens anônimas) é que uma coisa é muito interessante, se o cara, por exemplo:

1. defende o "empresário" do ano, a empresa produtiva;
2. se ele opina que o Estado deve reduzir o déficit público;
3. se ele assina a revistas tipo exame;
4.ou adora aquelas informações do tipo a caneta mais cara, o carro mais caro, o que o fulaninho comprou ontem, ou coisas do tipo,

o sujeito, quer dizer, se ele faz tudo isso ou coisas assemelhadas, o sujeito é normal (para usar aqui um expressão bem simples) agora, se o cara, por exemplo:

1. elogia o Lula (Fidel então...);
2. diz que o socialismo não acabou;
3. defende o Estado interventor e assistencialista (que já é uma expressão pejorativa);
4. preza o anti-consumismo,

Ponto o cara é atrasado, mofado, tiranossauro.

É muita falta de argumento.

Nem perderia meu tempo respondendo.

Por outro lado ADOREI "(...)pertencer à classe média, o que depende desses índices artificiais, e outra, completamente diferente, é possuir mentalidade de classe média (...)"

Com relação a 2016 minha questão é: teremos condições de assegurar a integridade física de nossos visitantes?

Mais ainda, com o recrudescimento da segurança na Europa e EUA, o Brasil não seria uma alvo com um custo menor para o terrorismo em 2016?

Em outras palavras, a gente mal consegue proteger nossa própria população das balas perdidas, da ação não raro desastrosa de nossas polícias (que seguramente trabalham muito por pouco) teremos condições de enfrentar a ameaça real do ações criminosas planejadas do terrorismo?

abs,

Nilson

Yúdice Andrade disse...

Adorei a síntese, Nilson. Realmente, não tenho muita paciência para esse tipo de coisa, mas como o comentário não foi agressivo, respondi. E como sou prolixo, respondi demais.
No mais, a questão que trazes é da maior relevância. Realmente, se os terroristas quiserem ações bem sucedidas, realizá-las no Brasil, onde a falta de investimentos e o deslumbramento comprometem a segurança, pode ser promissor. Naturalmente, há rotinas conhecidas em nível internacional e na nossa polícia há muita gente preparada para comandar e executar essas ações. Minha preocupação maior é com a infraestrutura, mesmo. Haverá investimentos, claro, mas vai confiar...

Anônimo disse...

Pois é, meu caro Nilson, faz bem para a democracia (que não existe na ilha do "seu amigo" Fidel Castro) a existência do debate, a possibilidade de discordar e a oportunidade do anonimato (por que não?). Se você soubesse realmente interpretar um texto, veria que eu declarei meu voto ao Lula, lá no comentário anterior.
A "mentalidade classe média", por outra, meu caro professor, foi que forjou esta mesma democracia que nos permite discordar. A tomada do poder pelo proletariado, na forma defendida pelo preclaro (e, pelo comentário, nada democrático) Nilson, pressupõe uma ditadura. Não é isso, Karl Marx?
Meus respeitos novamente, e desta vez a ambos.

Yúdice Andrade disse...

Das 10h37, preciso discordar - e com veemência. A par do enorme reducionismo em que você incorre, fundado menos em fatos do que em aversões pessoais, fico assustado de você achar que a democracia hoje existente no Brasil tem alguma coisa a ver com a classe média. E olhe que é uma democracia capenga! Ordinaríssima.
Meu amigo, não suponha jamais que o Estado Democrático de Direito foi construído por generosidade dos grupos que em algum momento tiveram o poder neste país. Tal suposição seria uma catástrofe histórica, de tão desfundamentada.
Por outro lado, a afirmação de que no mundo não haveria democracia se as teorias políticas de esquerda houvessem prevalecido é de uma ingenuidade gritante. Há mais na teoria política de esquerda do que a sustentação dos regimes que a História registrou e que fracassaram. Nem tudo no mundo - de esquerda, bem entendido - é ditadura e opressão.
Ignorar isso é desqualificar absurdamente o debate.
Respeitosamente.

Anônimo disse...

Professor,

O senhor bota palavras na minha boca (ou no meu texto): eu não afirmei que o ideário de esquerda seja antidemocrático. A França e a Itália são exemplos de países que partidos declaradamente de esquerda governaram sem sobressaltos nas garantias individuais de seus cidadãos.
Mas, por outro lado, é desonestidade intelectual não reconhecer que todas as tentativas de implantação do modelo comunista, de economia planejada, partido forte e centralismo democrático, extirpando totalmente a liberdade do indivíduo, redundaram em ditaduras. China, a extinta URSS e Cuba são exemplos mais que evidentes do que falo.
O que eu disse, eu reafirmo: a democracia, como conhecemos, é fruto de uma revolução, realmente, mas de uma revolução burguesa, que nada mais é do que o antecedente histórico da classe média, que o senhor tanto critica. Foi a Revolução Francesa de 1789 e, antes dela, a Revolução Americana de 1776 que criaram as bases da nossa atual democracia. Portanto, nada a ver com revolução proletária ou com "dez dias que abalaram o mundo"...
Quem será, então, que fala de "aversões pessoais"? Não será esta sua postura e a do nobre Nilson uma aversão pessoal ao capital? Sou eu que pergunto dessa vez: por que me rejeitar, só porque defendo o capitalismo e a classe média? Passo a ser um monstro por causa disso?
Mais uma vez, meus profundos respeitos.

Nilson Soares disse...

Em todas as épocas não importa, sempre há um intelectual de plantão, pronto a ser prostituído para servir as classes dirigentes. A visão dele será certamente qualificada como ciência e fixará o “horizonte intelectual” das discussões.

Não sei quais classes que anteriormente a modernidade ruminavam nesses charcos de verdade (clero, nobres?), mas nos dias autuais os mais exemplares papagaios de pirata de “horizonte intelectual” capitalista são os membros classe média. Por mais que se digam progressistas e por mais que afirmem que votam no Lula.

Debulham lágrimas ao verem Guernica (Picasso), mas não abrem mão do Capitão Nascimento para protegerem o carro japonês que lhes esfolam com prestações mensais; se afirmam ambientalistas e estão dispostas a tudo para poder possuir a tv de plasma; dão bom dia ao porteiro, são amáveis com ele, mas têm horror a idéia de que os filhos desse possam estudar na mesma escola que seus filhos.

Relativamente ao Lula, digo que deve ser muito duro para pessoas que se consideram cultas (por assistirem folhetins do Manoel Carlos), politizadas (por prestarem atenção nos orgasmos intelectuais do Jabor), fraternas (por comprarem o Mac Lanche feliz) e viajadas (por comprarem muambas em Miami) terem um presidente cujo primeiro diploma que recebeu na vida foi de presidente da República.

Estou louco ou alguém aqui disse que o Brasil é uma democracia? Francamente...

Depois de tantas defesas que foram feitas aqui de um lado em favor de Daniel "Mendes" e de outro a Fidel convido-os a tomar um chops e ouvir: http://www.youtube.com/watch?v=uALkQzlob5A

Abraço a todos e PAZ CAMARADAS,

NIlson