Você quer que eu seja educado ou posso falar a verdade?
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Conveniente
Leia aqui um magistrado explicando por A + B porque ele está corretíssimo ao não receber advogados em seu gabinete.
A opinião é dele, bem entendido. E não me convence nem um pouco.
Tem os exageros de todas as partes, de juiz, de advogado e de promotor.
Despachar com o juiz algo que só a oralidade, com suas expressões, dá a dimensão do caso, acho que é, antes de tudo, um querer-saber-a-mais-para-julgar-melhor. Se fosse juiz, faria isto.
Mas, o articulista está bem preocupado com "o que" esta "conversa" extra-autos irá "descambar".
Bobagem. É só falar para o interlocutor que irá gravar, em áudio e/ou som, a conversa. E isto vale, também, para o advogado quando quer gravar o que o juiz quer falar com ele em "extra-autos".
Ah! a mídia, nos dando oportunidades novas, não é mesmo?
Salve, toda vez que escuto essa baboseira de que o juiz é neutro, de que ele representa o Estado (jurisdição) e coisas do tipo me sinto cansado...
Só acho interessante observar que foi justamente no séc. XIX, quando a burguesia já era a classe dominante ( e se agrava o risco social dos trabalhadores) que não por acaso surgem os discursos científicos da neutralidade do cientista social, com Comte e mais elaboradamente com seu discípulo Durkhein. E esse engôdo foi levado para o direito, e no Brasil até hoje faz escola.
Honestemente desconheço, no Brasil, literatura que discorra objetivamente sobre o discurso da neutralidade dos adminsitradores da justiça e os resultados de suas ações.
Como não há discussão, e principalmente, como temos um bando de analfabetos funcionais nas faculdades, todo tipo de justificativa é apresentada sem qualquer pudor.
Lafayette: 1. Para mim, é absoluta e imediatamente natural que uma conversa do magistrado com o advogado possa ser útil para a solução do caso. Quantas vezes não é a visita do advogado que mostra um aspecto importante dos autos? Um documento que não foi analisado com maior clareza, uma linha de depoimento, uma minúcia que passou despercebida em meio a um calhamaço de papeis e, às vezes, de bobagens? Isso contribui para que se faça uma boa justiça. 2. Mas se o juiz articulista está tão preocupado com a moralidade pública, deveria esclarecer o motivo da preocupação extremada. Além do mais, a publicidade documental que ele defende não é suficiente para garantir a lisura das partes. Fazer malandragem por escrito não é novidade algum. 3. Eu diria que uma simples medida, como deixar escancarada a porta do gabinete, já inibe bastante. É uma questão de atitude: quando o advogado vê o juiz deixar a porta aberta, já sabe que a conversa deve limitar-se a questões republicanas. 4. Sim, meu amigo, há um componente democrático na Internet que faz dela um instrumento maravilhoso.
Nilson, o teu comentário está tão bom que decidi transformá-lo numa postagem específica. Obrigado.
3 comentários:
Tem os exageros de todas as partes, de juiz, de advogado e de promotor.
Despachar com o juiz algo que só a oralidade, com suas expressões, dá a dimensão do caso, acho que é, antes de tudo, um querer-saber-a-mais-para-julgar-melhor. Se fosse juiz, faria isto.
Mas, o articulista está bem preocupado com "o que" esta "conversa" extra-autos irá "descambar".
Bobagem. É só falar para o interlocutor que irá gravar, em áudio e/ou som, a conversa. E isto vale, também, para o advogado quando quer gravar o que o juiz quer falar com ele em "extra-autos".
Ah! a mídia, nos dando oportunidades novas, não é mesmo?
Salve, toda vez que escuto essa baboseira de que o juiz é neutro, de que ele representa o Estado (jurisdição) e coisas do tipo me sinto cansado...
Só acho interessante observar que foi justamente no séc. XIX, quando a burguesia já era a classe dominante ( e se agrava o risco social dos trabalhadores) que não por acaso surgem os discursos científicos da neutralidade do cientista social, com Comte e mais elaboradamente com seu discípulo Durkhein. E esse engôdo foi levado para o direito, e no Brasil até hoje faz escola.
Honestemente desconheço, no Brasil, literatura que discorra objetivamente sobre o discurso da neutralidade dos adminsitradores da justiça e os resultados de suas ações.
Como não há discussão, e principalmente, como temos um bando de analfabetos funcionais nas faculdades, todo tipo de justificativa é apresentada sem qualquer pudor.
Abs,
NIlson
Lafayette:
1. Para mim, é absoluta e imediatamente natural que uma conversa do magistrado com o advogado possa ser útil para a solução do caso. Quantas vezes não é a visita do advogado que mostra um aspecto importante dos autos? Um documento que não foi analisado com maior clareza, uma linha de depoimento, uma minúcia que passou despercebida em meio a um calhamaço de papeis e, às vezes, de bobagens? Isso contribui para que se faça uma boa justiça.
2. Mas se o juiz articulista está tão preocupado com a moralidade pública, deveria esclarecer o motivo da preocupação extremada. Além do mais, a publicidade documental que ele defende não é suficiente para garantir a lisura das partes. Fazer malandragem por escrito não é novidade algum.
3. Eu diria que uma simples medida, como deixar escancarada a porta do gabinete, já inibe bastante. É uma questão de atitude: quando o advogado vê o juiz deixar a porta aberta, já sabe que a conversa deve limitar-se a questões republicanas.
4. Sim, meu amigo, há um componente democrático na Internet que faz dela um instrumento maravilhoso.
Nilson, o teu comentário está tão bom que decidi transformá-lo numa postagem específica. Obrigado.
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