O curta-metragem "Matinta", que está sendo rodado esta semana no Mosqueiro com a direção de Fernando Segtowick, conseguiu uma proeza ao receber apoio de mais de 30 empresas, entre elas a PDV Brasil e a Temple Comunicação. O patrocínio nacional é do Ministério da Cultura.
Quem sabe as empresas locais não criam políticas corporativas voltadas para o incentivo às artes. Dá retorno - e como! - à imagem.
O jornalista Guilherme Augusto, autor desta nota em sua coluna de hoje, é um homem bem intencionado. Um otimista. Obviamente, tem toda a razão quando lembra que o mecenato é uma prática valiosa, inclusive sob a perspectiva dos ganhos ao próprio financiador das artes. Mas esta mentalidade sofisticada simplesmente não existe aqui na província. O que há são posturas isoladas, de uma ou outra empresa, que disponibiliza uma verba anual para patrocínios, porém estes constituem cotas, de valor em geral módico. Por "módico" entenda-se: insuficiente para tocar qualquer projeto. Coisa em torno de 500 reais, quando muito. Quem quiser que continue correndo atrás. Com um pouco de sorte, você pode conseguir um adjutório melhor, desde que seja amigo de alguém.
Posturas isoladas não constituem políticas. Esta palavra sugere medidas de médio e longo prazo.
A verdade é que, aqui na terrinha, investir em cultura é entendido como prejuízo. Não admira que nossa cidade seja tão esculhambada, que as outras cidades ganhem o que nós perdemos e que a classe artística reclame tanto.
Não duvide que esse interesse todo por "Matinta" se explique por um motivo específico, que atende pelo nome Dira Paes, ainda colhendo os louros de seu estrondoso sucesso como Norminha, da novela Caminho das Índias. Pusesse Segtowick uma ilustre desconhecida na produção e eu queria ver se a iniciativa privada lhe daria a mesma atenção.
Se alguém puder demonstrar que estou errado, por favor me diga. Eu adoraria estar errado.
Artigos relacionados do blog:
- Fazer teatro em Belém - 1º.6.2008
- As mediocridades de sempre - 2.12.2007
- Aí, capitalistas: cultura dá dinheiro - 2.11.2007
- O isolamento cultural de Belém - 22.3.2007
2 comentários:
Acho que o seu "aqui na terrinha", vale para 90% das cidades barsileiras. Parece que o eixo cultural divide-se entre Rio - São Paulo. Quer viver de cultura? Mude-se para uma dessas duas cidades. E olha que eu disse "cidade", não "estado", pois a coisa só funciona nas duas capitais. Aqui em Juiz de Fora, nós temos o incentivo da "Lei Murilo Mendes". Por aqui há muitos bons eventos gratuitos. Mas as pessoas se esforçam muito para fazer acontecer... Ah, eu também adoraria dizer que você está errado.
Ana Miranda.
Tenho a impressão, Ana, que esse é um problema crônico aqui nesta terra sem tantas oportunidades. Mas não me surpreende que fenômeno idêntico se dê pelo resto do país. Daí resulta que apenas Rio e São Paulo merecem ser felizes, com algumas poucas concessões a Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília...
Postar um comentário