sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Aí, capitalistas: cultura dá dinheiro!

O Sesi Teatro de Bonecos do Brasil, que vai se apresentar amanhã e domingo, no Hangar, deve atingir, com o público de Belém, mais de um milhão de espectadores desde que iniciou sua turnê pelo país. Com isso, é candidato a entrar no livro dos recordes como o maior evento de bonecos do mundo. Para se ter uma idéia da graciosidade do espetáculo, a estrutura leva três dias para ser montada, 10 horas para ser desmontada e gera aproximadamente 900 empregos diretos. (Repórter Diário, hoje)

900 empregos diretos! Ainda que temporários, isso é excelente, pois permite a pessoas viverem de seu trabalho, honestamente. Há um salário e isso injeta recursos na economia, fazendo a circulação da riqueza. O que falta, então, para os capitalistas selvagens investirem mais em eventos culturais? Lucram eles, o público e os trabalhadores.
Além disso, Belém é uma cidade sequiosa de cultura. Apesar das extremas concessões à mediocridade que se veem no âmbito "musical", o povo sempre responde aos eventos, quando existem. Todo Arrastão do Pavulagem é acompanhado por uma procissão. Todo ano as comunidades se empenham em participar do concurso de quadrilhas juninas. O Auto do Círio lota. Faltou ingresso para o Circuito Cultural Banco do Brasil. Todo ano temos um festival de música erudita e outro de ópera, além do concurso de canto, e todos estão sempre cheios e considerados de alto nível pela crítica, em âmbito nacional. Já temos até um incipiente festival de cinema, além da mostra de curtas e do Anima Mundi. Tudo sempre cheio.
Então alguém vai me dizer que não há público para cultura? Fala sério! É investir e ver a coisa acontecer!

Festival de bonecos, eu vou!!

2 comentários:

Anônimo disse...

Grande Yúdice!

Cultura dá dinheiro. Já dinheiro, nem sempre dá cultura. Do contrário, eventos como o Parafolia, organizado por empresários "podre" de ricos, nem aconteceriam.

Aliás, meu amigo, sigo meus dias me perguntando que prazer uma pessoa tem ouvindo músicas horrorosas como o axé music (até o nome é medíocre), tecnobrega, forró e outras coisas toscas. Que prazer é esse?

Sabe, já me chamaram de elitizado por ter um gosto musical mais apurado. Como chamar, então, quem adora ouvir lixo?

Grande abraço, amigo!

Adelino Neto
COISAS DE BELÉM
http://www.coisasdebelem.blogspot.com/

Yúdice Andrade disse...

Acho que podemos chamar de etilizados, Adelino! Afinal, os ambientes em que esses ritmos são cultuados são, também, templos de excessos alcoólicos, coincidência ou não.
Assim como tu, a todo momento sou achincalhado por conta do mesmo elitismo. O Fred Guerreiro, que comunga de nossa opinião, deve escutar também. Até meu irmão, que se orgulha de ser artista e que se esmera por não produzir rebutalhos, hoje tem mil discursos na ponta da língua para defender esses desastres. Tudo é cultura, afinal. Até concordo, mas nem toda cultura é boa. Na China, cagar na rua é cultural e ninguém pode negar isso. Agora, o próprio governo quer erradicar a prática, de olho nas Olimpíadas.
Os ritmos dos etilizados são isso, Adelino: algo que cagam nos nossos ouvidos, no nosso bom senso, na nossa estética e até em nossa ética.