O Sesi Teatro de Bonecos do Brasil, que vai se apresentar amanhã e domingo, no Hangar, deve atingir, com o público de Belém, mais de um milhão de espectadores desde que iniciou sua turnê pelo país. Com isso, é candidato a entrar no livro dos recordes como o maior evento de bonecos do mundo. Para se ter uma idéia da graciosidade do espetáculo, a estrutura leva três dias para ser montada, 10 horas para ser desmontada e gera aproximadamente 900 empregos diretos. (Repórter Diário, hoje)
900 empregos diretos! Ainda que temporários, isso é excelente, pois permite a pessoas viverem de seu trabalho, honestamente. Há um salário e isso injeta recursos na economia, fazendo a circulação da riqueza. O que falta, então, para os capitalistas selvagens investirem mais em eventos culturais? Lucram eles, o público e os trabalhadores.
Além disso, Belém é uma cidade sequiosa de cultura. Apesar das extremas concessões à mediocridade que se veem no âmbito "musical", o povo sempre responde aos eventos, quando existem. Todo Arrastão do Pavulagem é acompanhado por uma procissão. Todo ano as comunidades se empenham em participar do concurso de quadrilhas juninas. O Auto do Círio lota. Faltou ingresso para o Circuito Cultural Banco do Brasil. Todo ano temos um festival de música erudita e outro de ópera, além do concurso de canto, e todos estão sempre cheios e considerados de alto nível pela crítica, em âmbito nacional. Já temos até um incipiente festival de cinema, além da mostra de curtas e do Anima Mundi. Tudo sempre cheio.
Então alguém vai me dizer que não há público para cultura? Fala sério! É investir e ver a coisa acontecer!
Festival de bonecos, eu vou!!
2 comentários:
Grande Yúdice!
Cultura dá dinheiro. Já dinheiro, nem sempre dá cultura. Do contrário, eventos como o Parafolia, organizado por empresários "podre" de ricos, nem aconteceriam.
Aliás, meu amigo, sigo meus dias me perguntando que prazer uma pessoa tem ouvindo músicas horrorosas como o axé music (até o nome é medíocre), tecnobrega, forró e outras coisas toscas. Que prazer é esse?
Sabe, já me chamaram de elitizado por ter um gosto musical mais apurado. Como chamar, então, quem adora ouvir lixo?
Grande abraço, amigo!
Adelino Neto
COISAS DE BELÉM
http://www.coisasdebelem.blogspot.com/
Acho que podemos chamar de etilizados, Adelino! Afinal, os ambientes em que esses ritmos são cultuados são, também, templos de excessos alcoólicos, coincidência ou não.
Assim como tu, a todo momento sou achincalhado por conta do mesmo elitismo. O Fred Guerreiro, que comunga de nossa opinião, deve escutar também. Até meu irmão, que se orgulha de ser artista e que se esmera por não produzir rebutalhos, hoje tem mil discursos na ponta da língua para defender esses desastres. Tudo é cultura, afinal. Até concordo, mas nem toda cultura é boa. Na China, cagar na rua é cultural e ninguém pode negar isso. Agora, o próprio governo quer erradicar a prática, de olho nas Olimpíadas.
Os ritmos dos etilizados são isso, Adelino: algo que cagam nos nossos ouvidos, no nosso bom senso, na nossa estética e até em nossa ética.
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