Poema de finados
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
Manuel Carneiro de Souza Bandeira nasceu no Recife em 19 de abril de 1886. Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 1940. Morreu em 13 de outubro de 1968. Deixou uma obra vasta e famosa, sendo sua primeira publicação poética A cinza das horas, de 1917, da qual você já ouviu falar se escutou a canção Vambora, de Adriana Calcanhotto ("Ainda tem o seu perfume pela casa / Ainda tem você na sala / Por que meu coração dispara se eu sinto seu cheiro / dentro de um livro? / n'A cinza das horas").
Nenhum comentário:
Postar um comentário