Para não dizerem que só falo mal, hoje farei um elogio.
Se a intenção é criar uma nova (e inusitada) cultura de respeito aos pedestres, em Belém, é essencial que os agentes de trânsito estejam na rua. Tenho passado diariamente pela Duque e não vejo muitos deles. Quando há, estão nos cruzamentos, como de praxe. Hoje, contudo, eles estavam nas novas faixas de segurança pintadas em pontos sem cruzamento, exatamente onde os motoristas devem aprender a parar, espontaneamente, se alguém deseja atravessar a pista. Para chamar a atenção dos condutores, foram postos nas divisões de cada faixa de rolagem, o que já alerta para uma redução de velocidade. Quem passava na moral, escutava o apito.
É assim que deve ser. Fiscalização diuturna, sinalização ostensiva, ausência de surpresas e atuação preventiva e educativa dos agentes, sem a preocupação de multar. Autuações, só em casos graves. É dessa maneira que, com o tempo — e, no caso de Belém, provavelmente muito tempo —, poderemos aspirar a um tráfego mais humano e seguro.
Mas se fizer corpo mole, bota-se tudo a perder. Se começar a corrida de multas, isso levará o cidadão a entender que a medida não é educativa, e sim arrecadadora, pondo tudo a perder do mesmo jeito. O indivíduo que se acha injustamente punido tende, naturalmente, a confrontar-se com o seu pretenso adversário. É da natureza humana. Freud explica. Se isso ocorrer, o tiro pode sair pela culatra e os motoristas podem ficar cada vez mais aloprados sobre as faixas de segurança, para mostrar insubmissão.
A hora é agora. É educar ou morrer. Não, não é drama. No trânsito, se as coisas funcionam mal, alguém acaba morrendo. Literalmente falando.
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