Tudo bem que se queira colocar telões do lado de fora do salão onde o tribunal do júri julgará os réus do "caso Novelino". Não seria a primeira vez que julgamentos rumorosos são tratados dessa forma. Mas de onde nasceu a expectativa de que "várias caravanas do interior do Estado" virão a Belém para acompanhar o acontecimento, como noticia hoje o Repórter Diário? No caso Eldorado do Carajás havia mais de 150 réus, tornando a medida necessária porque nem sequer as famílias dos acusados poderiam acompanhar a sessão de outra forma. E quanto ao caso Dorothy Stang, trata-se de crime relacionado aos conflitos agrários que, no Pará, são meio de cultura para atrocidades de todo tipo. As caravanas eram de agricultores.
Quanto ao julgamento dos acusados de matar os Novelino, quem seriam essas tantas pessoas interessadas em vir de longe para acompanhar o julgamento? Será que já existem tantas faculdades de Direito no interior do Estado? A menos que eu esteja muito desinformado, além dos familiares (por motivos óbvios), os estudantes teriam interesse em acompanhar de perto. Decerto que há muita gente profundamente interessada no desfecho dos acontecimentos mas... não vão querer aparecer, certo?
PS — Enquanto isso, o outro jornal noticia que o acesso do público ao plenário do tribunal do júri será livre, dispondo de 200 vagas para quem quiser. Isso destoa completamente da sugestão de um julgamento concorrido pois, se assim o fosse, haveria a necessidade de restrição de acesso.
6 comentários:
Yúdice, a mesmíssima dúvida me assaltou quando li o RD de hoje.
Mas, pensando melhor e considerando que o deputado Alessandro foi um dos mais votados para a ALEPA, por que não? Só duvido que este comparecimento seja, digamos, espontâneo.
Acho que a ampla divulgação do caso, ajudará (e muito) neste comparecimento, Francisco Rocha.
Yúdice, olha só que contradição: o Liberal dá manchete no domingo dizendo que "Polícia cruza os braços quando vítimas são pobres". O próprio jornal tb não está cruzando? Com o caso "Novelino" são manchetes e mais manchetes. Matérias acompanhando tudo, em detalhes, até seu desfecho, um verdadeiro show. E quando os atores principais são "pobres", o que o jornal faz!?
Na verdade, na verdade, Francisco, também pensei sob esse aspecto. Se é que vai haver tanto público, então...
Luciane, querida sumida, venha sempre. De fato, a ponderação que fazes é justa. A imprensa, em suas omissões, repete os mesmos pecados das autoridades públicas. Seria o caso de nos perguntarmos se a imprensa, ao agir assim, não estaria repetindo os pecados da sociedade em geral, que adora fechar os olhos para os menos favorecidos?
yudice,amigo . qual seria o interesse tão grande em um crime em que a condenação é certa, a atrocidade e confessada e os outros atores do delito não querem aparecer.
abraço.
Sergio Lopes
Eu sempre passo por aqui, tanto que até indiquei seu blog com aquele famoso "selinho" (veja no meu blog); só que, ultimamente, não tenho comentado muito pelos blogs e nem escrito como eu gosto no meu próprio.
Pois é, Yúdice, mas essa é a função primordial da imprensa, sua razão de existir. Então, o Jornalismo perde o sentido quando se omite ou se "vende", já que é mediador dos demais campos sociais. Se muitos setores da sociedade se calam, a imprensa tem por dever primordial falar.
Bjs!
Lu.
Ainda que silenciosamente, venha sempre, Lu. Saiba que aqui sempre será bem vinda.
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