Dia de Finados I
O dia dois de novembro
era apenas um feriado
e sempre chovia
Todos estavam vivos
e jorravam primaveras
nas águas da primavera
(a juventude é imortal
imune a intempéries)
Neste dia dois de novembro
do ano dois mil e dois
(não chove – rito e tradição rompidos)
aprendo, pelo desespero da ausência
o significado dos sinos
e o imensurável peso do cinza
(a maturidade é consciência da finitude
susceptível a mudanças climáticas)
Dia de finados II
O dia dois de novembro
era apenas um feriado
e sempre chovia
Todos estavam vivos
e jorravam primaveras
nas águas da primavera
(a juventude é imortal
imune a intempéries)
Neste dia dois de novembro
do ano dois mil e dois
(não chove – rito e tradição rompidos)
aprendo, pelo desespero da ausência
o significado dos sinos
e o imensurável peso do cinza
(a maturidade é consciência da finitude
susceptível a mudanças climáticas)
Dia de finados II
Ofereço-te uma rosa
(gostavas tanto delas...)
orações seculares
poemas enlutados
e este pranto incontido
à beira do teu jazigo
Inúteis heranças lusas
que não lavam dores
nem preenchem vazios
(gostavas tanto delas...)
orações seculares
poemas enlutados
e este pranto incontido
à beira do teu jazigo
Inúteis heranças lusas
que não lavam dores
nem preenchem vazios
Dalila Teles Veras nasceu na Ilha da Madeira, em 1946. Casada com um brasileiro, publicou 11 livros de poesia e 3 de prosa, além de textos sobre obras de outros autores e participação em obras coletivas. Também teve textos adaptados para o teatro. Os poemas acima foram escritos em homenagem à mãe, que considera sua iniciadora nas letras.
Na foto, com a poetisa brasileira Cora Coralina (que é a velhinha).
2 comentários:
Que poeta, Yúdice! Não conhecia. Doravante vou acompanhar.
Nem eu conhecia. Foi uma grata surpresa. Acompanharei, também.
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