domingo, 25 de novembro de 2007

A maratona das bancas de TCC

Este segundo semestre letivo, destinado a sangrar meu couro como nunca antes, veio completo, incluindo orientação de sete monografias de conclusão de curso e participação em treze bancas, que acabaram virando quatorze. Quem mandou estudar e virar professor?! Eu poderia ter largado os estudos cedo e virado jogador de futebol. Poderia ter enriquecido, quem sabe.
Queixumes à parte, estou feliz por ver que eu e os colegas conseguimos plantar algumas boas sementes, que se refletem, agora, em monografias de qualidade. Não apenas porque bem feitas, mas porque relacionadas a assuntos relevantes e fora do feijão com arroz habitual. Aqueles teminhas banais, sobre os quais se escreve coligindo as opiniões deste ou daquele autor — o trabalho "colcha de retalhos" —, foram substituídos por reflexões mais profundas e mais engajadas. Este último aspecto me agrada especialmente, porque mostra uma postura ética e de justiça social instalada nos corações dessa nova geração.
O primeiro trabalho avaliado foi o do meu ex-monitor, Eduardo Lima, que escreveu sobre a culpabilidade como critério para fixação da pena-base (que vem a ser a primeira etapa do complexo procedimento que permite ao juiz definir a pena exata a ser cumprida por um réu condenado). A matéria é de alta indagação e, apesar de hoje existirem vários livros falando sobre o cálculo da pena, neles não se aprofunda o tipo de discussão feito por Eduardo. Realmente, um trabalho inovador e comprometido com um Direito Penal mais principiológico e técnico.
O segundo trabalho foi das risonhas Karoline Sheron e Kelly Monique. Orientadas por um Yúdice Randol, dá para fazer uma novela mexicana com esses nomes, não? As duas escreveram sobre o instituto da progressão de regime penitenciário, como medida importantíssima para a ressocialização do preso. Fizeram uma análise bem detalhada de vários aspectos relacionados ao tema.
Também a preocupação com a ressocialização do preso, só que desta feita através do trabalho, foi o mote de uma outra dupla de meninas risonhas, Andressa e Lorena, da qual não fui orientador, mas apenas avaliador. Por fim, a compenetrada dupla Aline e Larissa escreveu sobre a imprescretibilidade de certos crimes e as consequências práticas de se suspender a prescrição. Para quem odeia prescrição — instituto que também vem sendo execrado na mídia —, o trabalho delas seria criticado. Mas quem já refletiu sobre a importância da prescrição verá que se trata de um tema muito oportuno e bem conduzido.
No geral, muito positivo o saldo do primeiro dia. Muito mais trabalho teremos à frente. Rezem por mim. Estou precisando dormir.

4 comentários:

morenocris disse...

Caramba, dá-lhe Direito. Quem é bom...dá nisso! Sobrecarga de atividades!

Foi uma semana terrível, não foi Yúdice?. Estamos no mapa, infelizmente de forma negativa. Mas, acredito que vamos superar tudo isso. Eu sempre acredito em tudo e em todos. Ainda bem.

Depois da chuva o sol...depois dele a lua...e o vento, que vai levando tudo e trazendo o nada, o recomeço...o ponto zero!

Beijos.
Boa semana.

Vladimir Koenig disse...

Yúdice, realmente os TCC que seguem a filosofia "plágio é copiar apenas de uma pessoa e ciência é copiar de muitas pessoas" é um flagelo para o ensino superior. A falta de reflexão talvez seja o grande problema que o ensino superior em Direito tem que superar. Espero que seus alunos saiam da mesmice que me agasta no sistema da Justiça (advocacia, Judiciário e MP): meros aplicadores de jurisprudências e opiniões doutrinárias alheias. Quero encontrar advogados, juízes e promotores capazes de decidir por sua própria convicção (de verdade). Fico absurdamente irritado quando por preguiça intelectual juízes e promotores preferem reproduzir pensamentos alheios do que tirar suas próprias conclusões. Claro que o estudo de outros não pode ser ignorado. Contudo, não podem substituir por completo a reflexão própria. Quero encontrar seus alunos por aí na lida forense. Adoro o bom debate e isso só é possível com quem pensa, reflete, concatena dados e informações. Abraços, Vlad.

Yúdice Andrade disse...

Palavras reconfortantes, Cris, mas não creio que sejam méritos ou virtudes que me botem sobrecarregado desse jeito...

Vladimir, espero que essa garotada corresponda à avaliação positiva que fazes. Muitos correspondem, sem dúvida. Haverás de te encontrar com eles, mais à frente. Espero que a convivência seja produtiva. Abraços.

Polyana disse...

Você viu a notícia de que uma das atrizes de "Dia de visita" foi atropelada na frente de casa por um vizinho? O cara passou por cima dela duas vezes e fugiu. Noticiou-se que o diretor do filmes compareceu ao velório.