terça-feira, 20 de novembro de 2007

Dia da Consciência Negra

Em meio a tantas comemorações sem sentido, de fato lembrar a importância do negro para a construção deste país, bem como a sua luta atual e incessante para vencer as tantas discriminações que ainda sofre, é algo que merece todo o respeito e atenção. Mas daí a criar um feriado — mais um dia de ócio, no qual a maioria das pessoas não vai sequer pensar no motivo pelo qual não está trabalhando — vai uma longa distância.
A Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, do governo federal, afirma que em 267 Municípios brasileiros a data constitui feriado, podendo a lista ser ainda maior, se alguma prefeitura deixou de comunicar a União a respeito.
Há poucos dias me manifestei, aqui no blog, contrariamente a pontos facultativos, sendo que também sou contrário ao excesso de feriados. A questão foi objeto de um simpático deboche no final dos anos 1980, na novela Que rei sou eu? Ou seja, não é de hoje que as pessoas discutem sobre os prejuízos à economia e aos serviços públicos que essas paradas representam, como o prefeito de São Caetano do Sul. Ele não pode impedir o feriado, que é definido por lei, mas o antecipou para o dia 16 passado, a fim de evitar "grande prejuízo ao comércio e empresas locais, bem como às atividades do setor público", como disse em um decreto.
Conheça aqui os Municípios que pararam, supostamente, para homenagear os negros. No Pará, são dois: Marabá e São Félix do Xingu. Pelo visto, Mato Grosso parou por completo. O segundo Estado mais preguiçoso é o Rio de Janeiro, seguido de São Paulo. Curiosamente, a Bahia, com sua fama de ócio institucionalizado e que possui uma população maciçamente composta por negros, não tem uma só cidadezinha à toa hoje.
É o caso de perguntar: só se pode refletir sobre assuntos importantes em feriados? Penso que os governos municipais deveriam promover eventos para discutir o tema, inclusive encenações teatrais nas portas de grandes empresas, fábricas, shopping centers, repartições públicas ou logradouros de grande movimento. Afinal, se a intenção é discutir, dentre outros problemas, a desigualdade de acesso ao trabalho, nada melhor do que fazê-lo na porta de quem oferece emprego e discrimina os negros. Mas, para isso, seria necessário haver expediente normal.

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