segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Seletividade na autuação

Passei esta manhã pela "Nova Duque" e, ao me aproximar da primeira faixa de pedestres, vi um cidadão chegando, mas não sabia se ele ia atravessar ou não. Por cautela, reduzi a velocidade. De fato, o rapaz queria atravessar e por isso parei, prestando a maior atenção, pelo retrovisor, ao veículo que vinha atrás de mim. Ocorre que eu parei, mas um imenso caminhão, na faixa ao lado, passou sem cerimônia. E vinha devagar; poderia parar, se quisesse.
O agente de trânsito que estava na calçada, sempre o mesmo, com seus óculos Fucker & Sucker na cara e braços cruzados, nada fez. Irritado, gesticulei ostensivamente, apontando o caminhão. Não sei ele me viu, porém atrás do infrator vinha um segundo caminhão, tão grande quanto, que também passou na maior cara de pau. Este foi multado, pelo menos.
É o caso de perguntar: isso é seletividade? O cara multa quem ele quer? Aposto que, fosse eu a passar, a multa viria, com certeza. Afinal, parte-se do pressuposto que proprietário de carro particular pode pagar, certo?

4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yúdice, acredito que o serviço público deva passar por um grande projeto que envolva políticas do tipo "qualidade total", "ISO 9000", controle de processos, benchmarking, esse tipo de técnicas. O mundo mudou, o funcionário público permanece o mesmo. Se o o Governo fosse uma empresa, já teria falido há muito tempo. A grande maioria dos órgãos públicos é mal administrada, e daí decorrem problemas desse tipo.

Anônimo disse...

Sem qualquer defesa para os dois caminhões, é preciso argumentar que a avenida é larga, com quatro pistas e não é fácil perceber, na calçada, o pedestre, querendo atravessar. Não sei o que propor, mas a dificuldade existe.
Abs

Marysol disse...

Sei não... mas acho que o rapaz com acessório ultrapassado não teria multado o seu carro também.
Vem comigo: ele tá ali todo dia; centenas de carros varam a faixa dia após dia. Se é habitual e constante vira norma, né? Na cabeça dele, passou a ser NORMAL! Terminou agindo por ter sido lembrado do contrário por gestos otensivos de um cidadão indignado. Por consciência público-profissional própria, é ruim hein!?
E é assim na maioria das nossas instituições...
O jeito é não parar de gesticular.

Ah! obrigada pelo retorno simpáico do comentário. Como disse gostei do blog. Vou voltar sempre.

Yúdice Andrade disse...

Wilson, realmente, o mundo muda, mas o serviço público aparentemente não. A tecnologia até permite que muita coisa funcione melhor, mas aquilo que tenha a ver com a essência do serviço permanece igual e ruim. Tens toda a razão.

Dificuldades existem, sim, Edyr, mas podem ser sanadas com maior atenção. No contexto, fica difícil saber o grau de culpa do caminhoneiro. Afinal, podia ser a primeira vez dele em Belém. Daí que minha reclamação foi contra o agente de trânsito - este sim obrigado a mostrar serviço.

Marysol, obrigado por atender aos meus convites. E o que dizes é verdadeiro: somos nós, que ainda conservamos alguma capacidade de indignação, que devemos gesticular, sempre e sem parar.