domingo, 4 de novembro de 2007

Eu e os bonecos do Brasil

Desfile dos mamulengos de 4 metros de altura


Daqui a duas semanas, quando o projeto SESI Bonecos do Brasil chegar a Macapá, terá percorrido todo o país num esforço de divulgar e, através disso, preservar elementos da verdadeira cultura nacional de raiz. O foco é mostrar o valor desses artistas, tais como os mestres mamulengueiros, espalhados pelo país afora, gente simples, que vai levando sua arte do jeito que pode e, em alguns momentos e locais, como no carnaval de Olinda, consegue um momento de glória.
O evento aberto ontem, no Hangar, e que termina hoje, com programação sempre a partir das 17 horas, serve para mostrar o trabalho de grupos que fazem trabalho com bonecos no Brasil, alguns com carreira internacional. No programa, artistas de Pernambuco, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pará, dentre outros. O espetáculo de abertura, por sinal, foi da Companhia In Bust Teatro com Bonecos, que particularmente adoro. Eles apresentaram o espetáculo inspirado nos pássaros juninos, típicos daqui, A peleja da Princesa Mariana e sua ave Garça Dourada contra a Rainha Valéria de Marambaia e a Bruxa do Mal. Maravilhoso.
O público, claro, atendeu ao convite e o Hangar encheu. Daí se precisa chegar a uma constatação chata, porém verdadeira: eventos desse tipo precisam ser mais bem preparados. Quando cheguei ao local, com minha família, quase uma hora antes da abertura, deparamo-nos com umas 200 cadeiras, mais ou menos, em frente aos palcos principais. Obviamente, um nada. Àquela altura, já estavam todas ocupadas — senão com pessoas, com bolsas, pois todo vagabundo antissocial entende que tem o direito de guardar lugar para quem vai chegar depois, em detrimento de quem já está lá, inclusive minha mãe e seu esporão calcâneo.
Quando a peça começou, o excesso de barulho abafava as vozes dos atores, apesar de o sistema de som ser aparentemente bom. Ou seja, realmente precisamos que as peças sejam exibidas em locais com acústica adequada, sob pena de o público não aproveitar o espetáculo e de não se fazer justiça aos artistas.
Mas valeu. Peço a Deus que mais iniciativas desse tipo surjam e cheguem até aqui. Foi um domingo diferente e bem legal. Aí ao lado, eu fingindo manipular um tocador de rabeca.

5 comentários:

Val-André Mutran  disse...

Projetos maravilhosos, dessa natureza, estão ameaçados pela reforma sindical.

Custa-me entender como procede um presidente que surgiu na política no meio sindical, transmutar-se de madeira tão sórdida.

Esse projeto é bancado com recursos do chamado Sistema "S" e, se a reforma vingar como quer o governo; dificilmente terá continuidade.

Yúdice Andrade disse...

Não tinha pensado nisso, Val-André. Útil, portanto, a perspectiva que trazes. Todavia, quanto ao mérito da crítica, muito há que se pensar sobre a reforma sindical. Por mais que a reforma ora em tramitação não seja boa, do jeito que está as coisas não podem ficar.

Frederico Guerreiro disse...

Por outro lado, arte e falta de educação não combinam. Por isso o público mais refinado e exigente se sente desestimulado em freqüentar espetáculos. Isso só vai mudar quando alguns perderem o autocontrole e chamarem aquele(a) mer...inha que fica batendo foto com flash o tempo todo, na hora do espetáculo no Teatro da Paz.
Ahh... se eu não tenho autocontrole...

Val-André Mutran  disse...

Hehhehe! Calma Fred, estamos evoluindo.

A praga maior é o tal do celular.

Yúdice Andrade disse...

Sim, ainda há vida inteligente nesta cidade. Basta ver que, na própria platéia, sempre existem os que tentam manter a ordem e aproveitar o evento como se deve.