O meu problema atual é o contrário: tenho lido tantas coisas interessantes, em livros, revistas e na Internet, que a cabeça fervilha de coisas para dizer. Coisas como expulsão reflexa fótica. Mas quem acompanha o blog sabe que tenho uma tendência terrível a ser prolixo. Costumo brincar dizendo que demoro um pouco até para informar as horas. Às vezes quero checar informações e ilustrar o texto com imagens. Tudo isso, claro, demanda tempo e é justamente aí que reside o meu problema atual. Ele anda algo escasso. Ando, p. ex., com uma enorme vontade de escrever sobre o filme Distrito 9, em exibição na cidade e que desde logo recomendo, mas as questões existenciais nele abordadas merecem uma reflexão melhor do que o simples afogadilho.
Por isso, ainda não retornei ao ritmo normal. Se é que existe um. Mas a coisa está melhorando.
9 comentários:
Eras professor, o senhor falou sobre este filme. Achei excelente, queria até escrever algo. Seja pelas reflexões sobre direitos humanos, sobre a ótica original do filme, enfim, achei muito bom. Daqueles que a gente sai do cinema com a sensação de que o dinheiro foi bem gasto. Há muito não via um filme tão bom de ficção científica, com efeitos excelentes e orçamento tão barato.
Abraços
Caro Léo, cheguei a propor a alguns colegas professores que vissem o filme, porque tenho grande interesse em conversar com eles a respeito. Pessoas como o André Coelho, de Filosofia, que pode refletir sobre a obra num nível que eu jamais poderia.
Decerto que voltaremos a falar disso.
Na mosca, Yúdice! Também me sinto assim, tanto que por vezes passo muito tempo sem publicar. Minha autocrítica não me permite "vazar" muito. E não quero tranformar o blog num diário de leituras de livros de direito, e deixar fluir um conhecimento que me custou muito caro.
Mas minha preocupação está realmente na qualidade do que escrevo. Por isso escrevi que às vezes é melhor ficar quieto, aquele velho provérbio que diz que "é melhor ficar calado e deixar que as pessoas pensem que você é um tolo, do que abrir a boca e acabar com a dúvida". É isso.
Li uma crítica excelente sobre esse filme, falando justamente sobre a inquietação que causava, as referências ao apartheid, o simbolismo que tinham os "camarões" (acho que era assim que o chamavam) e a percepção de que eles eram reais, tamanha era a realidade do filme na nossa sociedade desigual.
Ainda não tive a oportunidade de assistir, mas me assustei demais quando li algum colunista imbecilóide d'O Liberal descrevendo o filme como mais uma ficção americana, com alielígenas toscos e caricatos. Segundo o colunista, apesar disso, era um bom entretenimento.
A impressão que eu tive, na primeira crítica, era que de entretenimento não tinha nada. Que todos sairiam do cinema com aquela sensação incômoda de quem acabou de ser exposto à miséria humana (os alielígenas representariam os humanos excluídos). Acho que entendi errado, pois pelo visto, nem todo mundo é capaz de compreender...
Não é questão de auto-crítica... também é... nem de vício... mas 'blogar' é um exercício de equilíbrio e auto-conhecimento, além da necessidade de construir algo que satisfaça, ao menos, a nós mesmos.
Sinto falta de escrever, de repassar conhecimento e/ou o que passa pela minha cabeça. Mas também sinto falta de me alimentar da produção alheia. Mas na falta do que dizer, ou como dizer, prefiro o silêncio a um monte de bobagens soltas... como esse comentário! [desculpe o ato falho!]
De modo geral, Fred, preocupo-me com a qualidade da postagem até quando a intenção declarada é produzir uma bobagem. Frequentemente, tenho a impressão de que isso me impede de ser mais feliz.
Luiza, quanta saudade! Fico feliz de saber que ainda andas por aqui.
A crítica deve ter sido imbeciloide, mesmo, pois o filme nada ou quase nada tem do padrão americano. Basta ver que, em vez de uma torrente de cenas de ação gratuitas, com lutas coreografadas, sangue e explosões, o que temos é uma atenção maior aos dramas de cada personagem, com cenas de ação bastante plausíveis no contexto. Além disso, a narrativa foge dos clichês de final feliz e redenção que Hollyood ama - e mais não digo em respeito a quem não viu o filme.
Recomendo: vai assistir.
Claudia, gostei de todos os referenciais que sugeriste sobre os motivos de se blogar. Acredito que todos eles perpassem também a minha cabeça, nessas horas.
Agradeço o teu comentário e a tua visita. Tomara que seja frequente. As duas coisas, aliás.
Professor, tenha certeza que sempre ando por aqui, mesmo que às vezes passe um período longo sem comentar.
Bem, assiti o filme ontem. De fato em nada se parece a uma produção americana típica e as cenas de ação são pertinentes e até necessárias. As questões éticas que emergem dele são realmente profundas e tudo ali cria um clima meio sombrio (como de fato é a miséria "humana"): o cenário, poucas cores, pouca luz, quase zero de música, etc. É definitivamente um filme que nos deixa com uma sensação incômoda. Gostei, mas se pudesse voltar atrás, não teria ido em um domingo à noite. Só o fiz porque minha primeira opção (o novo do Tarantino - mais "cinema-entretenimento") já estava esgotada.
Depois, tive que aturar meus companheiros de cinema me convidando pra comer um caranguejo toc-toc ou jantar na "Vivenda do Camarão", em uma clara referência à aparência horrorosa dos aliens. Ah, também disseram que não escolho mais o filme! :)
Por diversas experiências, querida Luiza, hoje em dia o que eu escolho muito bem são os amigos com os quais aceito ir ao cinema!
Realmente, pelo seu ar desesperançado, "Distrito 9" não é um filme para ver, voltar para casa e botar a cabeça no travesseiro. É preciso espairecer depois dele. Tive tempo de fazer outras coisas após o filme e, mesmo assim, quando me deitei, só pensava nele. Demorei a dormir revendo cenas e pensando em suas implicações.
Penso que se ele provocou tudo isso, então é uma grande obra do cinema.
Valeu pela dica, Yúdice!
Andava meio desanimado com os filmes em exibição na cidade. Não sabia nada a respeito do "Distrito 9" até ler essa singela postagem. Pensei: "se o Yúdice recomendou, deve ser bom". Não me arrependi.
Abraço
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