domingo, 25 de outubro de 2009

Qualidade do atendimento em Belém

Cena 1
Grupo de amigos vai ao São Nunca num sábado à noite. Não conseguem ser atendidos. Um dos membros do grupo, irritado, grita na direção do balcão se seria possível alguém atender. O gerente consegue um garçom, que anota o pedido: uma batata especial. Passado algum tempo, o garçom que efetivamente deveria atender aquela mesa aparece e comenta que o pedido fora uma batata simples. O cliente irritado reclama e avisa que ele não se atreva a trazer a batata simples, pois não pode decidir o que o grupo vai comer.
No final, o garçom leva a batata simples. O cliente irritado não pretende retornar ao local.

Cena 2
Família vai ao Habibs de Nazaré. O patriarca observa o cardápio e constata que as porções de charuto de repolho e de charuto de folha de uva possuem o mesmo tamanho e o mesmo preço. Pede uma porção com metade de cada tipo. O garçom consulta um gerente, que vem pessoalmente informar que mandou preparar o prato. Poucos dias depois, a mesma família vai ao Habibs da Pedreira e o patriarca repete o pedido. O garçom, numa frase seca, responde que não pode atender e, virando-lhe as costas, pergunta à esposa qual será seu pedido.
O patriarca, indignado, chega em casa e acessa o site do Habibs, relatando os fatos. No dia seguinte, recebe uma resposta da empresa, lamentando o ocorrido e informando que o treinamento dos atendentes não conduz a esse tipo de atitude. Até onde sabe o queixoso, o garçom descortês não está mais por lá.

Cena 3
A melhor de todas.
Um grupo de teatro ensaiava no Waldemar Henrique. Alguém telefona para o delivery do Habibs e faz um pedido grande. No final do atendimento, a atendente pergunta o endereço.
É na Praça da República.
Onde, exatamente, senhor? Preciso que o senhor me informe um número.
Bem, o teatro fica na Praça da República, de frente para a Presidente Vargas. Não há um número.
Senhor, eu preciso de um número para informar ao sistema, que vai descobrir o CEP e, com isso, saber em que zona da cidade é a entrega, para eu poder mandar o motoqueiro.
A senhora está me dizendo que, sem um número, eu não posso ser atendido?!
A desinteligência evoluiu para uma discussão. Lá pelas tantas, o solicitante, percebendo que não se faria entender pela moça, decidiu atender à sugestão dela, saiu do teatro e anotou o número de um prédio em frente. Forneceu o da sede social da Assembleia Paraense, já que o objetivo seria apenas identificar o CEP. Fez questão de frisar que o número fornecido era de um prédio em frente ao local da entrega. Finalmente, o pedido foi finalizado, mas a entrega demorou horrores.
O motoboy foi mandado ao prédio da Assembleia Paraense.

Conclusão:
Esta é a qualidade do atendimento ao público consumidor em Belém. E depois querem que sejamos uma cidade turística...

PS Os casos acima são todos verídicos e me foram relatados hoje, pelos protagonistas.

7 comentários:

Leo Nóvoa disse...

Ah professor, nesta cidade todos passamos poucas e boas em termos de atendimento. Certa vez, em uma filial de um grande bar de Belém, situada na Duque de Caxias, além de mal atendido, vi com meus próprios olhos o garçom "esculachar", o gerente, dizendo que "daquela maneira não aguentava", referindo-se claramente ao fato de ter que lidar com clientes, algo inerente a profissão.
Acho ainda que estamos longe da solução.

Abraço.

caio disse...

pra quem quer comer muito com pouca grana, o Habib's é uma ótima pedida, ainda que as comidas que eu peça se limitem praticamente às esfihas de queijo (90% dos casos), à pizza (8% - notei que sou um dos poucos que gostam da pizza de lá, embora conheça outras beeem melhores) e ao kibe (o outros 2). No da Pedreira, sou quase sempre atentido pelo mesmo garçom, e ao menos comigo nunca rolou problemas desse tipo.

O delivery, bem... o atrativo é que sabemos que, de alguma forma, teremos o pedido feito em menos de meia hora - uma vez que eles não pretendem ficar no preju, enviado algo de graça. A central que atende, pelo que soube, é lá de São Paulo.

O que deveria ser uma coisa que prezaria a eficiência acaba tendo também esse lado frescurento. Cheguei a não poder fazer um pedido por não me lembrar se as vias que delimitam meu quarteirão são ruas ou travessas. O atendente fazia questão de saber pra poder "computar"...

Anônimo disse...

Isso rende muitos posts!
O pior é que o péssimo atendimento parece ser regra e então não temos muito pra onde correr. Podemos escolher apenas onde seremos MENOS mal atendidos. Uma tristeza!

Anônimo disse...

Infelizmente, o mal atendimento ao público acontece no país inteiro. Quando não sou bem atendida, não pago os 10%, não volto mais ao local e faço questão de dizer ao gerente que não voltarei e deixar claro o motivo.
Ana Miranda.

Yúdice Andrade disse...

Isto me faz lembrar, Leo, uma advogada com quem trabalhei, há alguns anos. Certo dia, irritadíssima com a pressão de dezenas de ex-empregados de uma empresa falida, que ela representava através do sindicato da categoria, soltou um "eu não aguento mais isso!"
O sujeito que acabara de deixar a sala, ainda ali presente, voltou até ela e, sorrindo, respondeu: "Então mude de profissão."
Se vale para advogados, deve valer também para garçons.

Se há uma central de atendimento em São Paulo, Caio, isso explicaria o que para nós é uma perplexidade: como alguém pode não saber onde é a Praça da República? Mesmo assim, ou justamente por isso, constata-se que o sistema do Habibs é idiota e prejudica à própria rede, que deixa de vender.
No mais, não era para o motoboy genuinamente paraense ter ido parar no prédio errado, era?

Tem sido assim, com efeito, das 7h36. Por isso mesmo, quando sou bem atendido, elogio o garçom, comunico o maître ou gerente, publico no blog e aviso aos amigos.

Procedo da mesma forma, Ana. Mas apesar de sua advertência, tendo visitado algumas cidades do país, posso afirmar que as coisas aqui em Belém são muito piores. Aqui somos atendidos por pessoas que agem como se nos fizessem favores, em vez de nos prestar um serviço pago. Em baiuquinhas de Florianópolis fui tratado com mais eficiência e cordialidade do que em restaurantes desta minha cidade. É uma lástima dizer isso, mas é a verdade.

Anônimo disse...

Caro amigo, tenha certeza que a culpa e da grande maioria dos donos de Bares,Restaurante e similares que por sua vez não querem contratar mão de obra qualificada.Apenas contratam pessoas que não tem o curso de Garçom e Barman (eles contratam apenas atendentes(abridores de garrafas)). Agora me pergunte pq eles não contratam mão de obra especializada!? vou lhe dizer a maioria dos empressarios pagam apenas diarias que variam de R$20,00 à no maximo R$40,00 (quando pagam R$40,00 vc entra as 11:00 e so sai as 04:00 direto) por noite e pegam qualquer pessoa disposta a fazer tudo e na grande maioria das casas noturna se ve muito disso, pessoas totalmente despreparadas. As empresas so visam o lucro e não querem se dar o trabalho de melhorar o atendimento ao cliente oferecendo um curso de Garçom ou até mesmo uma Reciclagem para quem já tem este curso! esta profissão e muito marginalizada aqui em belém. Tambem não vou colocar 100% de culpas nos donos de Bares, Restaurante e similares. se voce pretende seguir a carreira de Garçom obviamente que tem que haver profissionalização(coisa que falta aqui em belém a maioria não procura se qualificar) então os empressarios do referido assunto tem 99% de culpa sim! eles que contratam a mão de obra e tambem tem como ele cobrar isso dos seus funcionarios tambem! afinal existirar um mal profissional em qualquer ramo que voce procurar e a melhor resposta que voce tem que fazer é o seguinte não fequente mais aquele lugar simples...

Gleydson Moreira

Yúdice Andrade disse...

Gleydson, obrigado por nos detalhar os procedimentos adotados nesses estabelecimentos. De fato, isso explica muito. E nos recomenda sermos rigorosos com os proprietários. Sempre que maltratados, deveríamos acioná-los e responsabilizá-los pelo problema. Fazê-los ver que o problema está na origem (neles mesmos), em sua ganância, e não nos famintos garçons, se bem que necessidade não justifica grosseria.