domingo, 25 de outubro de 2009

Caranguejo

Durante um almoço que reuniu duas famílias, hoje, alguém chegou trazendo uma bela travessa de caranguejo desfiado com farofa, iguaria outrora comum em nossas mesas, mas que desapareceu depois da ação do Ministério Público, que conseguiu brecar a comercialização da chamada massa de caranguejo, por razões de saúde pública. Abstraindo-se o câmbio negro, claro, mas não faço parte dele. Provavelmente, os compretos, constituídos por um salgado frito em óleo de caminhão reaproveitado centenas de vezes e um suco de origem suspeitíssima, continuam sendo a base da alimentação de muitos trabalhadores em nossa cidade, que dispõem de apenas um real para aquecer a barriguinha.
Reconheço que foi só recentemente que descobri como se dava o processo de beneficiamento da carne do crustáceo. Quando a informação desagradável veio à tona, surpreendendo quase todo mundo, eu já sabia desse lado obscuro da delícia em apreço. E honestamente não me importava. Chegava mesmo a fazer aquele comentário tipicamente idiota de quem quer justificar algo: comi isso a vida inteira e jamais me fez mal. O fato é que, se paro para pensar no beneficiamento, o asco é inevitável. Mas gostaria de saborear um caranguejinho de vez em quando, sem a trabalheira do toc-toc.
Perguntei à visitante onde conseguira a maravilha. Soube que um vizinho dela, morador de Quatipuru, é quem consegue o produto. Deliciando-me com o prato, dei-me conta da falta que caranguejo me faz. Eu nem sabia quanto. Fico na torcida, portanto, para que encontremos uma breve solução para a comercialização da iguaria.

4 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Ei, Yúdice, mas qual é mesmo o nome desse prato? Caranguejo chupado ao molho cuspe?

Que maldade aquela história do Ministério Público... Tanto que você, uma pessoa exigente, nem se importava com a prática. Afinal, se a baba não faz mal ao ser humano chupador, por que haveria de fazer ao consumidor? Se não mata, pelo menos engorda porque gorduroso e temperado na baba. Só não vale regurgitar ou arrotar na hora de tirar a massa, valeu?

Anônimo disse...

Qual o telefone desse vizinho? Já quero!

Yúdice Andrade disse...

Não foi maldade, não, Fred. Reconheço e defendo que o MP tem que cumprir suas missões institucionais. Só lamento que algo tão prazeroso precise estar na linha de tiro. É mais uma alegria que perdemos. Mas a culpa é dos fatos, não do MP.

Vou checar com a minha fonte. Se o caranguejo do rapaz for bom, mesmo, posso dar a dica.

Luciane disse...

Sempre gostei muito mais do toc-toc, mas acho que podia existir um maquinário próprio para a retirada da massa do caranguejo. Abs! Lu.