Divulgado o resultado do mais recente Exame Nacional do Ensino Médio — ENEM, as notícias não são nada auspiciosas para a metade de cima do país. De novo. A média nacional foi 50,52 pontos, mas 12 Estados não conseguiram emplacar um só representante na lista das 100 melhores escolas do país.
Consideradas as 20 melhores escolas do Pará (o jeito é analisar o resultado apartado do nacional), temos um franco predomínio de instituições sediadas na capital (13), a demonstrar que viver no interior paraense impõe perdas mesmo às pessoas que dispõem de condições financeiras para custear um ensino supostamente melhor. Se quiser um ensino melhorzinho, mesmo, o jeito será fazer as malas e se instalar em Belém, Ananindeua, Marabá, Parauapebas ou Abaetetuba — e à exceção da capital, com apenas uma ou no máximo duas opções de escola. E isso nem todos podem fazer. Logo, talentos vão se perdendo, porque precisamos da escola para orientar nossas habilidades e realmente aprender. Esse não é um trabalho que possa ser feito apenas com boa vontade.
De se lamentar, ainda, o óbvio: as instituições de melhor avaliação são quase todas privadas. Tenho dúvidas quanto à situação da campeã estadual — a Escola Tenente Rego Barros —, que é mantida pela Aeronáutica, mas confesso desconhecer se ela cobra mensalidades ou congêneres, considerando os apertos financeiros dos últimos anos. Fora ela, vemos o Centro Federal de Educação Tecnológica do Pará e, de resto, é tudo privado. Isso desnuda a dura realidade nacional: quem não tem dinheiro para bancar uma escola mais estruturada sofre. Naturalmente, isso aprofunda as já graves disparidades sociais brasileiras.
Por fim, note-se a expressiva participação de entidades religiosas de larga tradição na lista. Pelo visto, faz a diferença, talvez passando pela premissa de ter efetivo compromisso com a educação, há décadas, desde muito antes de a educação passar a ser regida pelo signo do money-money-money e até, quem sabe, da "cultura do trauma" que hoje tenta justificar libertinagens dos alunos, acobertadas pelas próprias escolas.
Quanto à comparação com o resultado nacional, se eu fosse apto a comentar, eu preferiria não o fazer.
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