domingo, 12 de abril de 2009

Vício de blogar

Passa das dez da noite do domingo de páscoa. O feriadão declina. Dentro de mais algumas horas, estaremos de volta a Belém e, por incrível que possa parecer neste momento, à rotina.
A chuva realmente transformou esta estadia num evento mais caseiro. Não fizemos os roteiros típicos de turista. Mas, pensando bem, sendo esta a quinta vez que visito São Luís, já não faz tanto sentido assim buscar esse tipo de programação. Novidade, mesmo, seria apenas para Júlia, mas um bebê de oito meses pode prescindir de certos eventos, que não ficarão em sua memória. O impactante ficará, como a primeira vez em que ela viu o mar.
Foi assim: chegamos à praia com ela adormecida. Tomei-a nos braços e caminhei pela areia, cantarolando. Aos poucos, ela foi acordando. Talvez o vento e o som tenham denunciado a ela estar em uma situação inédita. Ergueu-se e se deparou com o mar. Sua reação foi imediata: abriu um enorme sorriso, empolgadíssima, e começou a se sacudir. Estava extasiada com a visão. E essa visão será uma lembrança apenas minha, posto não haver ninguém comigo na oportunidade. A câmera chegou só alguns minutos depois. As imagens virão depois, se for o caso.
Chegada a hora de arrumar a bagagem, o vício me trouxe à frente do computador para deixar estas palavras. Afinal, um blog é um diário pessoal, certo? Poderíamos usá-lo para registrar qualquer bobagem que pensássemos, inclusive começando com um "querido diário" ou "querido blog". Mas o risco de sermos lidos nos veste com uma certa capa, uma estilização de conteúdos e formas, para que não façam mal juízo de nós. Bobagem. Todos temos direito de registrar neste interminável mundo virtual as bobagens que quisermos. E embora não o façamos na maior parte do tempo, é bom fazê-lo de vez em quando.
Uma boa noite para todos. Amanhã, não haverá lugar como o lar.

5 comentários:

Vladimir Koenig disse...

Yúdice, quem tem um filho sabe que eventos como esse não são bobagens. Pelo contrário! Hoje, como pai, descobri que nada me marca mais a memória do que as expressões que minha filha faz! Impressionante como muita (muita coisa mesmo) eu esqueço. Mas as expressões de espanto, dengo, felicidade, tristeza, etc, da minha filha ficam gravada a ferro.
Abraços,
Vlad.

Carlos Barretto  disse...

É isso mesmo, Yúdice.
Blog serve também para expressarmos a emoção do momento. E não sei se vc sabe, mas são justamente estes tipos de posts, que querendo ou não, trazem mais audiência. Não sei onde li isto, mas juro que li.

Abs

Marcela Bouth disse...

Concordo com o comentário de cima, nada disso é bobagem. Quando lemos podemos até visualizar a cena e a sua reação, professor. Esses momentos são únicos pra um pai, não? Boa semana pro senhor, bj.

Yúdice Andrade disse...

Entendo perfeitamente o que queres dizer, Vlad. Esse sentimento ficou muito claro para mim nos últimos dias, se é que já não estavam antes.

Correto, Barretto. Existem uns maluquinhos que nos cobram "pautas", como se fôssemos uma empresa jornalística, e nos cobram por "desvios", como seu eu fosse obrigado a tratar, apenas, de profundas questões jurídicas (o meu caso especificamente). Não sei por que gente assim acessa a Internet.

Foi lindo, mesmo, Marcela. Por isso ficará guardado comigo para sempre.

Polyana disse...

Como assim um bebê de cinco meses? Ela tem oito, meu amor!