Em certo episódio do seriado Plantão médico, uma mulher entra em trabalho de parto espontaneamente na 22ª semana gestacional. É impossível interromper o processo e o bebê nasce, com todas as dificuldades relacionadas a sua excessiva imaturidade. Muito pequeno e com a aparência ainda um tanto alienígena. A equipe médica informa que não há muito a fazer, além de fornecer o suporte de que a criança necessitar. Não havia registros, na literatura médica, da sobrevivência de bebês tão prematuros. Todo o necessário é feito mas, nove horas depois, a criança morre. Tristes, o médico Kovac e a enfermeira Abby (e não Doug e Carol, como escrevi originalmente — obrigado, Polyana) conversam e ele comenta que, dali a uns dez anos, já haveria tecnologia para salvar bebês nessa situação.
Assistimos a esse episódio — eu e minha esposa, já grávida, no primeiro trimestre da gestação — há alguns meses. Considerando a data de sua exibição original, um pouco mais de dez anos haviam se passado e a previsão do personagem se confirmou. De acordo com os sítios de acompanhamento da gravidez, que lemos toda semana, religiosamente, já é possível assegurar a sobrevivência de bebês nascidos com 21 semanas gestacionais. Ainda assim, serão sempre crianças especiais, que precisarão de assistência especial, para compensar o pouco desenvolvimento no momento oportuno, especialmente quanto aos sistemas nervoso e imunológico.
Tomo agora conhecimento de que há 80 dias nasceu aqui em Belém, no Hospital de Clínicas Gaspar Viana, uma menina batizada de Sofia, considerada o menor bebê da recente história médica paraense, vinda ao mundo com apenas 25 semanas e 575 gramas, dos quais 100 foram perdidos nos primeiros dias devido a uma insuficiência renal. Hoje, após o sucesso da hemodiálise, ela já tem 1.200 gramas e evolui bem, para orgulho da equipe daquela casa de saúde.
A reportagem do Diário do Pará informa que o menor bebê brasileiro (o quinto menor do mundo) chamou-se Arthur e nasceu no Rio de Janeiro em 4.8.2006, também de 25 semanas, com apenas 23 centímetros e 385 gramas, chegando a 282! Fiz uma busca pela net e descobri que, felizmente, em dezembro daquele ano, Arthur foi para casa com mais de dois quilos. Eis aí uma imagem dele, dessa época.
O mais preocupante é que a matéria aponta um aumento do número de nascimentos prematuros, de bebês de baixo peso, em parte relacionada às gestações múltiplas induzidas. Pelo menos, não é uma causa natural.
É, portanto, um grande alívio que nossa Júlia já tenha completado 34 semanas e que, com a evolução da Medicina Neonatal, apesar de que uma gestação a termo dura 40 semanas, um bebê nascido com 37 já é considerado como um caso normal — não havendo, salvo intercorrências acidentais, razões para que não sobreviva e se desenvolva com total saúde.
Saúde para Sofia!
2 comentários:
Desculpe ficar te corrigindo meu bem, mas não foi o Doug que disse pra Carol a fala em questão .Eles nem estavam no seriado mais. Quem disse foi o Kovac para a Abby.
mais beijos
Bem que eu senti que havia algo errado, mas como não tinha tempo de procurar informações pela internet e muito menos em casa, publiquei assim mesmo. Para quem não conhece, não faz diferença. Para quem conhece, como tu, o objetivo era que alguém me corrigisse. Maravilha. Obrigado.
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