segunda-feira, 30 de junho de 2008

Três contra um

Por volta das dez da noite de ontem, passei de carro em frente ao Mercado de São Brás e tive tempo de ver, com as dificuldades impostas pela má iluminação do local (apesar de ser um belíssimo prédio, de interesse turístico), três policiais militares cercando um rapaz. O perfil era o de sempre: magro, escurinho, sem camisa, cabeludo, maltratado. Parecia procurar alguma coisa no chão. Ai dele que fizesse algo capaz de descontentar os briosos agentes da lei: era peia certa!
Uma hora antes, o primo de um amigo meu chegou na frente da casa de sua namorada, na Quintino Bocaiúva, entre João Balbi e Boaventura da Silva. Mal estacionou, dois homens armados o abordaram. Levou um tapa nas costas enquanto passava para o banco de trás. Teve muita sorte. Levaram todos os seus objetos de valor, inclusive os tênis, sofrendo grande prejuízo pela perda do carro (em local ignorado até o momento), mas não o molestaram além disso. Soltaram-no após cerca de dez minutos.
Não ficarei narrando exemplos de violência urbana, pois já ficou chato contar esses casos aqui. São inúmeros. Minha proposta é questionar: por que diabos aparecem três policiais para acossar um zé ninguém e nenhum para salvar um cidadão em perigo? Ressalto que, além dos policiais, não havia ninguém junto ao suspeito, sequer curiosos. Ou seja, não me parece que o rapaz tivesse sido acusado de alguma falta específica. Talvez fosse apenas um suspeito, mesmo, já que tem o estereótipo para tanto.
Houvesse três policiais na Quintino, uma hora mais cedo, dois assaltantes teriam levado a pior. Estariam em desvantagem. Por isso, a provocação que lanço, dando a cara a tapa, é: será que os policiais encarregados do policiamento ostensivo da cidade, propositalmente, ocupam-se do ladrão de galinhas (ou do que não chega sequer a isso) e deixam de lado os verdadeiros criminosos, que podem reagir com muita violência?
Afinal, um policial mal treinado e pessimamente remunerado pode não estar a fim de por sua vida em risco. Logo, abordar os indigentes seria uma forma de mostrar serviço, sem correr riscos. Infelizmente, um serviço quase inútil.
Será?

3 comentários:

Anônimo disse...

Terra de Direitos!!!

Anônimo disse...

Mas é também daquele "que faz".

Yúdice Andrade disse...

Sem dúvida, são ambas as coisas.