Vergastado por quase todos os lados — primeiro pelos setores mais conscientes da sociedade, depois pela população ingênua que votou na tal mudança e quebrou a cara e, por fim, pela própria Câmara Municipal — e poupado apenas pela imprensa canalha, o sedizente prefeito de Belém reage às investidas que sofre, do seu jeito: devagar, quase parando. Alguém em sua equipe deve acompanhar os blogs e pede soluções aos marqueteiros, que ganham muito dinheiro para ajudar nos estelionatos políticos que sofremos diariamente.
Primeiramente, acusado com toda a justiça de inércia, já que sequer passa muito tempo na cidade, lançou o slogan idiota "Tá fazendo sim".
Os blogs não perdoaram: perceberam de imediato que a publicidade institucional reconhecia a inércia, porque esse "sim", ao final, existe para servir de reforço, de convencimento. É como se alguém dissesse: "Fulano não está fazendo nada" (era o que todos dizíamos) e o acusado precisasse responder: "Estou fazendo, sim". Um ato falho, sem dúvida.
Corrigindo a asneira, o marqueteiro, com a intenção de não dar muito na vista a admissão do erro, fez uma mudança minúscula, tão pequena que eu mesmo quase não percebi. O slogan agora é "Tá fazendo bem". Mudaram apenas duas letras, para ser bem sutil. Todavia, acho que a emenda não foi tão útil assim. Se eles precisam convencer de que o intelectual escritor está prefeitando bem, é porque a ideia que passa é justamente a oposta.
Como advogado, já precisei defender causas nas quais não acreditava. Asseguro: é um horror. O trabalho não flui, as ideias não surgem, o Direito parece escorrer por entre os dedos. E eu sentia um misto de incapacidade e vergonha por estar do lado errado. Mas isso porque minha mãe me ensinou a ter vergonha na cara. Para os advogados safardanas, tanto faz como tanto fez. A única emoção é sentir o dindim entrando.
E os marqueteiros do sedizente, de que lado estão? Será que essa publicidade é tosca desse jeito por motivos semelhantes aos meus?
Alguém percebeu como, de umas semanas para cá, a prefeitura está gastando muito mais dinheiro com publicidade?
Recebam esta como Campanha de resgate de Belém (parte 9).
4 comentários:
Caro professor,
Alguém tem que fazer o trabalho (sujo) de defender o indefensável.
Eu sei, caríssimo Val-André. Lixeiros, dermatologistas, urologistas, jogadores de futebol, marketeiros... Alguém precisa fazer o trabalho sujo.
...e advogados.
Òtimo post.
Bom domingo, mestre.
Dos advogados eu já falara na própria postagem, Juvêncio. Mas tens razão, claro.
Postar um comentário