Acabei de chegar do velório de meu ex-aluno (ou simplesmente aluno, porque essa é uma condição que dura para sempre) Wady Thomé Chamié Neto. Provavelmente, o velório com o maior número de pessoas que já vi, em sua maioria jovens, já que ele tinha apenas 21 anos. Alunos de diferentes gerações estavam lá, mostrando que Wady não podia queixar-se quanto a ser querido. Partiu com muitas flores e aplausos, além de muito choro. Chamou-me a atenção o choro intenso, desbragado, de tantos jovens. Queremos vê-los sempre rindo, não?
Repetiu-se uma das maiores tragédias do brasileiro: acidente de trânsito. Foi uma fatalidade. Não há ninguém para culpar. Pode-se falar um monte de coisas que escutei, como "se ele não tivesse saído", "se ele não corresse", "se ele não tivesse se distraído trocando o CD", "se não tivesse chovido". Mas tudo isso ocorreu e agora não faz diferença. Foi-se o rapagão alto, fortão, com cara de criança, jeito tímido. Deixa-me a lembrança de uma pessoa muito serena, de quem era fácil gostar. Como comprovei hoje.
Ouvi pais falando que não têm sossego enquanto seus flhos não voltam para casa. Deve ser uma preocupação áspera, já que a garotada tem necessidade de viver a mil e, nessa altura da vida, realmente não para para pensar que ela pode acabar assim de repente. Não se pode culpar quem não pensa nesse lado sombrio. Quase ninguém pensa, mesmo.
Só espero que todos aqueles jovens ali pensem, ao menos, em cuidar melhor de si mesmos. Para ajudar seus pais a dormir. Não é moralismo meu; é apenas um sentimento paternal começando a aflorar neste homem que vos escreve, que em menos de dois meses baterá nos 32 anos.
Uma frase, dita por uma aluna, ficará comigo. Quando se perde um marido ou esposa, torna-se viúvo. Quando se perde um pai ou mãe, torna-se órfão. Quando se perde um filho, sequer há um nome para isso, tal a dor envolvida. Deve ser. De minha parte, fico feliz de saber que o último dia do Wady foi passado ao redor de amigos, numa comemoração de aniversário. Todos devem ter rido muito, celebrando a vida e a amizade, como deve ser.
Vai com Deus, Wady. Celebraremos mais um pouco por aqui. Até a vista.
10 comentários:
Estou sem palavras... essa notícia entristeceu-me demais... já estava indo dormir mas resolvi dar uma passada pelos blogs amigos pra ver as atualizações, e... nossa... que tristeza, Yúdice.
O Wady estava na minha turma esse semestre, fazendo algumas disciplinas apenas, acredito... nunca conversamos, mas parecia ser uma pessoa bastante amigável. Esta semana um colega de turma fez brincadeiras com o tamanho dele, chamando-o de Schwarzenegger, a turma ria e ele sorria não desaprovando a brincadeira... foi um momento alegre, e é essa lembrança que vou guardar de um colega que perdi sem conhecer.
Minhas orações de hoje ganharam mais um destinatário específico.
Que os bons espíritos o acolham.
Ivan.
Prof,
Você, sempre tão observador, conseguiu exatamente descrever o Wady. Uma pessoa maravilhosa, que só fez amigos, que amava e falava tanto da família, um cara imenso e com o coração tão garnde, ou maior, que ele próprio, incapaz de ferir alguém, de machucar.
E como disseram aqui, sempre rindo... tranquilo.
Essa imagem que ficou na minha cabeça, o seu sorriso que durou o dia inteiro de sábado, como se estivesse tranquilo de partir pra junto de Deus.
Cássia
Yudice,
Como ja disse a Cassia, você foi preciso em suas palavras. Descreveu perfeitamente o nosso querio Wady. Divulguei este link do seu blog para varios amigos e os mesmos falaram a mesma coisa. Gostaria de, me nome de todos estes amigos, lhe agradecer nao so pela presença no velorio, como tambem com estas palavras que certamente estao confortando o coraçao de todos eles como confortou o meu.
Perdemos nosso soldado, como era chamado. Mas o que vai ficar na lembrança sao as brincadeiras, festas, conselhos e tudo mais. Um cara que realmente tinha muitos amigos e o coraçao maior do todo aquele tamanho, incapaz de fazer mal a uma mosca. Alguem que pode definir ao pe da letra o sentido da palavra amizade. Via deixar saudade!!!
Um abraço
A vocês, só tenho a reiterar o desejo de que estejam tão bem quanto o momento permite. Afinal, nessas horas prosseguir é uma arte. E o Wady ia querer isso de todos, não?
Professor,
obrigada por sua força e carinho com o meu primo!
Ta sendo muito difícil pra tods nós: familiares, amigos e até pessoas que nem conheciam o wady se comoveram com o ocorrido!
Tenho certeza que ele está bem agora, está feliz ao lado de Deus!
E vai estar sempre olhando por nós e nos protegendo de todo o mal!!
Agora só o que fica é a saudade de um menino alegre, carinhoso, amoroso, que não tinha mal algum, que vai estar sempre em nossos corações!!
Muito obrigada de novo!
Beijos.
Profº Yúdice,
Lindas suas palavras! O senhor descreveu realmente o que aconteceu no velório! Foi uma comoção geral!
Eu tenho certeza que Deus chamou o Wady pois achou que ele ficaria melhor ao lado Dele! Acho que todos aqui na Terra tem uma missão, e quando Deus acha que foi cumprida essa missão nos chama. E foi assim que aconteceu com o Wady!
Tenho certeza que ele está muito bem agora! Está num lugar lindo! E está olhando por todos nós, e ilumindando os nossos caminhos!
Sou Sandra, mãe de sua aluna Nathalia Meira,(somos primas do Wady).Ela sempre falava do senhor. Obrigada, em nome da família. Realmente, o senhor tem o dom da palavra!
Nathalia e D. Sandra, um abraço carinhoso. Passados dois dias, ainda me pego pensando no velório e no estado geral das pessoas. Penso nos familiares e em como assimilaram a ausência do Wady, voltando para casa tão poucas horas depois de ele mesmo haver saído.
Peço-lhes que levem o meu respeito e a minha solidariedade a eles.
Yúdice,
Wady foi meu aluno, estou chocado.
Meus sentimentos aos familiares.
Pedro Nelito
Professor Yúdice
Hoje esta fazendo 6 anos que o Wady partiu! Seu comentário na época até hoje me marcaram.
A saudade é grande, entretanto a fé tem sido maior pra nos segurar em nossa missão neste planeta que ainda não terminou.A familia aumentou, ganhamos outos filhos e irmãos e nos unimos mais.
Muito grato, grande abraço.
Prezado senhor Carlos, no dia em que nos encontramos pessoalmente, no consultório da Cláudia, o senhor se emocionou ao ser apresentado a mim, porque se lembrou desta postagem. E eu fiquei sem palavras para lhe dizer, naquela oportunidade. Eu ainda nem era pai, então me sentia tão longe de compreender o seu sentimento, que não consegui pensar em nada. Deveria, talvez, tê-lo abraçado, mas realmente não sabia o que fazer.
Dia desses, uma amiga que perdeu o filho de 10 anos para a leucemia disse que já se passaram "cinco improváveis anos". A expressão me sensibilizou muito. São tempos improváveis porque ninguém se imagina vivendo mais do que os filhos. Ninguém quer isso. Provavelmente, nós trocaríamos de lugar com eles, se houvesse tal alternativa.
Conforta-me saber que a família encontrou na fé e no auxílio recíproco a força para prosseguir. Imagino que Wady esteja orgulhoso disso e muito feliz com os novos parentes. Grande abraço.
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