quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A escola

Foi em março de 2010 que escrevi pela primeira vez sobre escolher uma escola para Júlia. Já naquele momento, expliquei por que considerávamos essa uma decisão tão complexa. E sim, continuamos convencidos de que não poderíamos ter agido com menos rigor e preocupação com o caso. Fizemos uma triagem inicial de estabelecimentos para visitar e elencamos uma enorme quantidade de itens a verificar. Mas não se deve pensar que perdemos o senso de realidade com isso. Sempre tivemos a consciência de que há diferenças entre o ideal e o possível. Nós sequer teríamos tempo para examinar cada um dos itens listados na postagem em apreço, ou no formulário elaborado por Polyana, que continha outros aspectos, mais ligados ao projeto pedagógico da escola e à forma de se relacionar com as crianças e suas famílias.

Conversando sobre o que desejávamos para nossa filha, decidimos que algumas escolas, mesmo que de excelente reputação, não seriam sequer visitadas. E acabamos eliminando da lista de visitas uma instituição que se relacionou conosco de maneira inadequada, seja porque criou embaraços para nos receber, seja porque não deu aos pais que a visitaram liberdade para fazer seus próprios questionamentos, além de se comportar de forma algo dogmática em relação a sua proposta pedagógica.

No final das contas, visitamos apenas três escolas, menos do que gostaríamos, mas de certo modo isso ocorreu porque já estávamos conquistados.

Guardamos boas lembranças do Colégio Ipiranga, que visitamos em duas oportunidades. Na primeira, por lapso, fomos no turno da tarde e não a vimos em funcionamento. Na segunda, porém, conseguimos vê-la ativa. Situada na Tv. do Chaco, entre Almirante Barroso e 25 de Setembro, tem instalações amplas, com áreas livres e bem servidas no quesito segurança. Gostamos de ver que as salas de aula disponibilizam livros e brinquedos, que ficam à mão das crianças. Esse era um aspecto que já programáramos para observar. Dotada de brinquedoteca, quadra esportiva, ambulatório, horta, espaço para cozinhar, pareceu-nos ter uma clara preocupação com o seu público. Notei, inclusive, duas oportunas cadeiras de rodas à disposição.

Visita não agendada, não nos encontramos com a coordenação pedagógica, mas duas professoras conversaram conosco, uma delas tendo a boa vontade de deixar seus alunos com as assistentes e nos atender sem pressa e com muita consideração. Nós é que nos sentimos atrapalhando. Ela respondeu todos os questionamentos que fizemos e saímos com uma boa impressão. Por isso, sinto-me à vontade para recomendar o Colégio Ipiranga àqueles que pretendam oferecer a seus filhos uma boa escola.

A terceira escola visitada, apesar das excelentes referências, não nos empolgou. Como disse antes, de certa forma porque já estávamos conquistados. Mas o motivo principal foi a ambientação. Apesar da proposta muito bem pensada, assim como das estratégias escolhidas para implementá-la, ficou claro que o estabelecimento atende a um público com perfil muito elitizado e lida com isso de um modo que me incomodou. Repeti a pergunta que já fizera às escolas anteriores, sobre ética (atitudes das famílias e respostas da escola às mesmas), e a explicação me deixou claro, apesar do discurso ponderado, que haveria leniência com eventuais posturas arrogantes dos pais.

Some-se a isso o fato de não estarmos convencidos, ao menos por enquanto, de que o ensino bilíngue é a melhor opção (há muitas e relevantes opiniões em contrário). Daí resultou que a opção foi rejeitada nessa visita.

Resta, enfim, falar da escola escolhida. Mas ela, claro, terá a sua própria postagem.

4 comentários:

Anônimo disse...

Meu Deus... Antigamente, mandava-se os filhos estudarem em escola pública, as melhores da época. Depois, a qualidade de ensino caiu tanto que não vale a pena escolher, porque praticamente todas se nivelam por baixo.
Não há escola perfeita.
O importante é a idéia de que a melhor escola é mesmo (e sempre foi) a família.
Portanto, não abdique de sua missão de professor de sua filha. A mamãe, também (e mais, ainda).
Um conselho final: procure ser mais ético e não critique as escolas sem conhecê-las melhor. Às vezes, uma impresssão meramente superficial é distorcida. E as aparências enganam.
Que sua filha Júlia seja uma boa estudante. Isso depende muito dos pais. A escola é apenas um complemento.
(Nota final: os pais, hoje em dia, querem se livrar de seus filhos e os abandonam, na escola, deixando-os à própria sorte...).
Boa sorte à pequena Júlia.
E procure ter mais maturidade num assunto tão sério quanto este.
Assinada: alguém que te admira muito!

Yúdice Andrade disse...

Cara admiradora, agradeço a sua admiração, mas considero injusta a sua crítica. Vejamos:
1. Não há em qualquer um dos meus textos, desde o anúncio da gestação de minha esposa, qualquer sugestão de que eu pretenda escapar de meu papel de principal educador de Júlia (juntamente com a mãe, claro). Muito ao contrário, há postagens em que eu destaco que o poder da família é muito superior ao da escola. Ciente disso e tendo tanto trabalho para selecionar uma escola, parece-me evidente que nós procuramos uma que possa ser nossa parceira no dever de educar, e não alguém que nos substitua. Fosse essa a ideia, nós procuraríamos uma que nos desse o mínimo de trabalho.
2. Estamos cientes de que não existe escola perfeita e nossas decisões foram tomadas dentro de nossa compreensão do que é possível obter.
3. Não fui antiético. Citei o nome de escola Acrópole em postagem anterior (e nunca mais o repeti) porque achei justa o réprobo que lhe fiz. E não foi por uma observação apressada, e sim por vários contatos que tentamos com a escola e também por uma longa conversa que mantive com uma amiga, que participou da reunião lá. O que não falei por conhecimento pessoal e direto, falei com base em fonte por todos os aspectos idônea, que se encontrava na mesma situação nossa.
4. A segunda escola criticada pode ser identificada no texto, indiretamente, por um aspecto (o ensino bilíngue) que só destaquei porque precisa ser considerado por pais em busca de uma boa educação para seus filhos. Não foi para identificar a instituição, cujo nome não mencionei. E não critiquei esse aspecto, limitando-me a dizer que não estou convencido de que seja o melhor, embora possa ser convencido. No que tange aos demais aspectos mencionados, também não creio que se trate de uma análise superficial, porque decorreu de diversas conversas com amigos, inclusive cujos filhos estudam lá, que adoram a instituição, e principalmente devido a uma longa visita, na qual conversamos demoradamente com uma coordenadora pedagógica - portanto, pessoa autorizada a informar sobre a instituição. Conversa, por sinal, balizada pela nossa planilha, já empregada nas escolas anteriores.
5. Temos consciência de que podemos nos enganar sobre muitas coisas, mas estamos fazendo uma aposta de boa fé, com base naquilo que vimos.
6. Creio que o papel da escola na formação de um bom estudante é bem maior do que você pensa. Muito, muito maior. Eu e minha esposa somos professores e em nosso cotidiano vivemos estudando. Nossa filha verá isso e quero crer que o exemplo será mais importante do que palavras. Mas o exemplo só não basta. A escola precisa comprovar, todo dia, sua capacidade de conquistar o aluno.
7. Honestamente, não creio que me falte maturidade neste caso, que vem sendo refletido em família há tanto tempo. Talvez você se tenha incomodado com as críticas que fiz a alguma das duas instituições recusadas (quem sabe o perfil dos pais da escola 3), mas aí eu é que precisaria lhe sugerir que encare com maturidade a crítica, porque, acredite, neste assunto, todas as minhas críticas são destinadas ao melhor interesse das crianças na escola, qualquer escola.
Espero continuar a merecer o seu respeito. Um abraço.

Ana Miranda disse...

Yúdice, a educação que vocês dão à Júlia é suficinte para que ela saiba ter discernimento em suas escolhas, conforme for crescendo.
Dentro da própria escola ela saberá que caminho seguir.
Fique tranquilo, não existe escola prefeita, não existem pais perfeitos, mas existem pessoas, assim, como você, (incluo-me nessa) preocupadas em dar a melhor educação possível aos filhos.
Sinto-me gratificada, feliz e realizada com o que consegui com os meus filhotes.
Ouvir-te-ei, um dia, dizer o mesmo!!!

Yúdice Andrade disse...

Como escrevi acima, Ana, precisamos escolher uma boa escola para que ela nos ajude a construir o caráter de Júlia, já que de todos os lugares vêm as mais diversas influências, boa parte delas negativa. Assim, um lugar onde ela passará tanto tempo e onde conhecerá tantas pessoas precisa ser parceira da família.
Esse é o motivo de tanta preocupação nossa.