quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

The walking dead

Como vocês já sabem, eu e minha esposa gostamos muito de seriados. Entretanto, há algum tempo eu vinha me queixando de que nós praticamente só vemos os policiais — são três franquias de CSI, Criminal minds, Without a trace, Numb3rs... Um dos nossos favoritos, Plantão médico, não acompanhamos pela TV. Compramos os boxes até a 11ª temporada e aguardamos o lançamento da 12ª, para assistirmos rigorosamente na sequência. E Lost acabou. Ficou complicado fugir da polícia e do FBI, pois até o interessante V está relacionado ao FBI, também.
Para fugir da mesmice, decidimos ver algo mais relaxante: The walking dead. Um programa familiar, bom para ver antes de dormir.

Um mundo pós-apocalíptico, onde não dá
a menor vontade de viver. Ou de existir.
 Já vi vários filmes de zumbi. Madrugada dos mortos, dia, noite, hora, temporada, geração, etc. Zumbis a não mais poder e, confesso, essas obras normalmente me incomodam. Tenho uma simpatia natural por tudo o que é trágico, feio e desalentador. Amo vampiros (exceto os emos, claro) e toda criatura que nos leva aos nossos instintos primitivos ou a nossos terrores mais profundos. Filmes que apavoram muita gente, como A bruxa de Blair e Atividade paranormal, para mim são um prazer. Mas zumbis me incomodam.
Não são os zumbis em si, mas o fato de que todos esses filmes têm um ponto em comum: um dia os mortos se levantaram, sem mais nem menos, começaram a comer os vivos e com isso proliferar e, não importa o que se faça, o mundo acabou. Não há esperança, nem para onde ir. Essa perda total de qualquer sentido para a existência é o que me incomoda. E só me dei conta de quão longe ia esse mal estar na noite em que íamos ver o primeiro episódio da série e lá estava eu, incomodado, hesitante, perguntando-me se realmente precisava ver aquilo.
Comecei a ver e gostei.
The walking dead (por alguma razão, ninguém deu um título em português) é mais um trabalho muito bem realizado por uma produtora que tem dinheiro para gastar. O projeto foi posto nas mãos de um diretor e roteirista experiente e talentoso, Frank Darabont, e conquistou seu público numa primeira temporada de apenas seis episódios. Nestes tempos de cortes radicais nos gastos, seriado bem sucedido é o que consegue ser confirmado para o ano seguinte, mesmo que às custas de menos episódios, reduções salariais ou dispensa dos atores mais bem remunerados em alguns episódios. TWD conseguiu o seu lugar ao sol rapidamente.

Quadrinhos como obra de arte.
 Adaptado de quadrinhos famosos (que no Brasil são publicados sob o título Os mortos vivos), criada por Robert Kirkman e Tony Moore, com desenhos de Charlie Adlard. Seu sucesso não foi imediato, mas progressivo, e em 2010 foi laureada com o (suponho) mais importante prêmio dos quadrinhos, o Eisner Award, como melhor série contínua.
O fato de ser uma bem sucedida graphic novel adulta deve explicar parte do sucesso da série televisiva, porque quadrinhos são idolatrados por seus fãs. Deturpar o espírito da história pode render inimizades absolutas.
TWD marca também uma mudança na transmissão dos programas pela TV fechada. Antes, demorávamos meses para ver programas já exibidos nos Estados Unidos. Hoje, com a pirataria através dos softwares de compartilhamento de arquivos digitais, a TV entendeu que precisa passar os seriados quase tão simultaneamente quanto possível, do contrário haverá perda de audiência. Por isso, eu e minha esposa acompanhamos a saga dos poucos sobreviventes de Atlanta um episódio por semana, como deve ser. Ontem vimos o último. Devo dizer, contudo, que achei meio decepcionante. A microtemporada foi legal, mas sua conclusão não provocou nenhuma emoção especial. A última cena é até meio chata.
Com isso, os zumbis invadindo o acampamento dos sobreviventes a seus desdobramentos geraram os melhores momentos do seriado até aqui e, por assim dizer, pagaram o ingresso.
Ano que vem tem mais.

3 comentários:

Ana Manuela disse...

Fico feliz que não tenham traduzido o título, tenho medo do que poderia surgir da incrivel criatividade que os brasileiros tem pra traduzir essas coisas.

Tenho lido que a série só é boa até o 5° capítulo, por isso ainda não parei pra assistir. Quem sabe quando bater o tédio das férias...

Luiz disse...

Também esperava mais do último episódio. Vamos ver a próxima temporada. Gostei muito da série Men of a Certain Age na Warner, mas acho que não terá continuidade aqui no Brasil. Chegou a ver?

Yúdice Andrade disse...

Ou seria algo ao pé da letra ou algo catastrófico, Manuela. Ou não. Às vezes a coisa funciona. Mas não li nada sobre o seriado.

Luiz, o episódio em si não é de todo ruim, só é insosso. E termina sem qualquer acontecimento instigante. Fiquei com aquela cara de "hein?!".
Nunca vi "Men of a certain age".