terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A mídia e a vida real

Aquele colunista de negócios publicou neste último domingo o seguinte:

Inauguração no dia 24 de janeiro, na Jerônimo Pimentel, das novas e modernas instalações do Hospital e Maternidade Saúde do Bebê (...). Chegará com novidades no setor, como TV fechada nos apartamentos, wireless e cardápios especiais. Tudo em prédio novo e com tecnologia de ponta.

A notícia é boa, decerto, mais para as proprietárias do que para o belenense em si. Não preciso lembrar que ter um plano de saúde, hoje em dia, coloca o consumidor numa situação duvidosa: não temos mais garantia de atendimento, ao menos não no momento em que precisamos. O conforto e as comodidades do novo hospital não se destinam à população média e mesmo a classe média, que pode espichar os olhos para a novidade, precisa por as barbas de molho. Vale lembrar que, quando eu e Polyana chegamos para interná-la para o parto de Júlia, na mesma maternidade, embora estivesse tudo agendado, foi-nos dito que não havia leitos disponíveis e nos foi sugerido que remarcássemos o parto para outro dia!
Houve a intenção de nos convencer a partir, o que não deu certo porque a minha reação não foi lá muito amistosa.
Não adianta dizer que agora haverá mais leitos. Belém do Pará possui um problema gravíssimo, reconhecido por quem é da área: não há leitos pediátricos suficientes. São poucos os hospitais infantis e nenhum deles se destaca como referência de qualidade. Por outras palavras, é complicado ter um criança nesta cidade, desde a hora do parto. Reze para seu filho não adoecer, porque quando chega o tempo das viroses (todo ano!), as recepções e salas de espera dos hospitais se transformam em praças de guerra. E isso eu já testemunhei pessoalmente várias vezes.
O que mudará com o novo hospital? Receio que, para você e para mim, nada.

2 comentários:

caio disse...

Lembrei-me de quem elogia os aeroportos por seus terminais à la shopping, e não pela estrutura para anteder segura e satisfatoriamente a demanda dos passageiros que chegam e vão. Mesmo tendo ouvido de alguém que aprecio - salvo engano, acho que foi o Lula.

Yúdice Andrade disse...

Outro dia, Caio, vi uma reportagem sobre o endurecimento das regras sobre serviços aeroportuários, na Europa. Querem punir as companhias e aeroportos que não tenham se preparado adequadamente para nevascas e afins. Que tal? Aqui, isso seria tratado como caso fortuito (devido às forças da natureza) e ninguém seria responsabilizado por nada. Afinal, ninguém é reponsabilizado nem por panes nos aviões, overbooking, sobrecarga de trabalho das tripulações, alimentação ruim, extravio de bagagem...