quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sociedade combo

Dia desses fui ao cinema e decidi comprar refrigerante. Como dividiria com minha esposa, pedi um copo de 500 ml. Surpreso, descobri que era o menor tamanho vendido. Ou seja, os tempos dos copos de 300 ml ficaram para trás. Definitivamente, o padrão de excesso e irracionalidade dos norteamericanos se instalou de vez no Brasil, em boa medida graças à colaboração das grandes redes de cinema. Tudo agora é combo, uma jogada do capitalista para lucrar mais. Só que junto com os combos veio o crescimento das porções.
Sentado no meu lugar, vejo um monte de gente entrando na sala de projeção por trás de uma montanha de pipoca. Quando a intenção é dividir, vá lá. Mas o pior é que vários casais entram portando um balde de pipoca para cada um, juntamente com o copão de refrigerante. Comem até cansar e mesmo assim, na maioria dos casos, deixam uma certa quantidade do produto. No final das contas, são quatro desatinos em sequência: 1) pagar caro; 2) comer mais do que o razoável; 3) desperdiçar alimento e 4) emporcalhar o cinema. Este último problema é particularmente grave em comunidades que gostam de imundície e de prejudicar os outros, coisa que encontramos à saciedade por estas bandas.
Mas é claro que o ruim sempre pode ficar pior. O mesmo troglodita que transforma a sala num chiqueiro reclama com os funcionários que estão demorando demais para liberar o acesso. Pressionados pelas exigências do empregador, os funcionários não podem nem responder a verdade: a limpeza está demorando porque a última vara1 que saiu daqui sujou esta porra até o teto!

1 Como hoje em dia ninguém mais conhece a Língua Portuguesa, vale lembrar que "vara" é o coletivo de porcos, como nos ensinou na infância a saudosa tia Raimundinha, aquela que era feia de cara.

6 comentários:

caio disse...

Nossa! Já chegaram nos 500 ml??

Isso me faz lembrar o Super Size Me. O documentário (dos mais divertidos) mostrou que o maior copo dos McDonald`s europeus era menor do que o menor das filiais americanas.

Ontem mesmo eu estava no Cinépolis... na hora de sair, dei acidentalmente um chutão naquele treco onde encaixam pipoca, doritos e os copões que alguém deixara no chão.

Enquanto pegava a coisa para ir colocar no lixo, perguntei à menina que estava sentada logo duas cadeiras ao lado, esperando a maior parte ir embora para se retirar com mais tranquilidade, quem era a anta que deixou aquilo ali. O sujeito ainda estava perto, ficou encabulado e foi pegar o treco da minha mão, se desculpando caso eu tivesse me sujado. Menos mal para ele que ele não foi de desperdiçar a refeição...

Breno Peck disse...

Será que é por causa do serviço porco do Judiciário que o combo cartório + juiz é chamado de "vara"?

Ana Miranda disse...

Eh...eh...eh...
Não imaginei que você conhecesse a tal Raimunda, feia de cara, mas boa de...
Menino, e eu que não sei entrar no cinema sem a tal pipoca com a coca-cola?
E isso fica mais caro que o ingresso, pois só vou aos cinemas às quartas-feiras, que se paga somente R$5,00 a inteira e R$2,50 a meia.
Às segundas-feiras, professores, com direito a um acompanhante, pagam somente R$1,00 cada. Legal, né?
Vocês têm essa promoção por aí?

Anônimo disse...

Não Yúdice, ninguém mais respeita nada. Além desse grupo imundo, tem aquele que vai no cinema para bagunçar. Ficam falando alto, dando risadas sem propósito, tiram o tênis para exalar odor de enxofre no ar, chutam sua poltrona ou não param de se mexer na sua frente. Eu já nem vou mais em cinema. Você sai para se divertir e volta mais nervoso.

Alexandre

Yúdice Andrade disse...

Caio, pelo menos topaste com um sujeito que era só mal educado no sentido de não ter aprendido a fazer o certo, e não no sentido de ser canalha. Espero que o instante de constrangimento o ajude a evoluir.

Que eu saiba, o motivo é outro, Breno. Recordo-me de ter lido num livro sobre curiosidades linguísticas. Vou procurar o tal livro. Mas quanto à hipótese levantada, tem lá a sua lógica, para a tristeza do jurisdicionado.

Se eu divulgar no blog esses preços que mencionaste, Ana, é possível que haja comoção generalizada por aqui. Em Belém, um ingresso não sai por menos de 16 reais. Quanto às promoções, existem as famosas promoções "pé na bunda", sendo que o empresário entra com o pé e a bunda é fornecida pelo consumidor.

Verdade, Alexandre. Por isso a escolha dos dias e horários para enfrentar os filmes de maior apelo popular é tão importante. Filmes de arte não oferecem esse problema. O problema é que eles deixaram de ser exibidos aqui em Belém...
Que lástima!

caio disse...

Eu já ia comentar, justamente nesse sentido, sobre o preço informado pela Ana! Hahahaha. Ai ai...