Caganifância.
Se perguntássemos a dona Bela, inesquecível personagem da humorista Zezé Macedo na "Escolinha do Professor Raimundo", se ela alguma vez se permitiu caganifâncias, ela sem dúvida alguma soltaria um de seus berros, arrostando-se ao chão. Chamar-nos-ia de depravados e diríamos que só pensamos "naquilo".
Passado o susto inicial, é só procurar saber em que consiste o tal substantivo e se concluirá que não há motivos para nervosismos. Até porque, no final das contas, todo mundo se permite uma caganifância de vez em quando, como p. ex. esta postagem.
A palavra veio até mim num texto do caríssimo Sandro Simões (só ele para conhecer uma dessas!) e me surpreendeu, pelo falso cognato que sugere e pelas amplas possibilidades de emprego cotidiano. Fiquei tão empolgado que decidi compartilhar com vocês.
Recordo-me que, em 1986, a Rede Globo exibiu a novela Cambalacho, de Sílvio de Abreu. Nas chamadas anteriores à estreia, a palavra cambalacho era apresentada como verbete de dicionário e, devido ao elevado poder de difusão da TV, em pouco tempo o vocábulo desconhecido caiu na boca do povo. Não havia feirante que não sugerisse aos fregueses pesar a mercadoria comprada, para evitar cambalachos.
Quem sabe amanhã a caganifância também não esteja generalizada? Digo: generalizada no linguajar do povo. Porque na mente das pessoas a caganifância está instalada faz tempo.
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