quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Dois exemplos dos desatinos belenenses

Cidadão precisava abastecer seu automóvel, ontem à tarde, e decidiu fazê-lo em um posto localizado na Rodovia dos Trabalhadores, onde o litro da gasolina está sendo vendido a R$ 2,45. Veio pela Júlio César e dobrou na Dalcídio Jurandir, para fazer o retorno adiante. Após o retorno, seu trajeto foi impedido por um bloqueio da via, em obras, que o obrigou a retornar pela própria Dalcídio Jurandir. Ou seja, ele voltou para o ponto de onde saíra, na Júlio César. Decidiu tentar a Rodovia dos Trabalhadores, que passou um tempo aberta apenas em um sentido, mas que já voltou a ter mão dupla. Contudo, não teve como chegar ao posto, porque o canteiro central foi reconstruído. Seguiu adiante, até a nova rotatória às proximidades do Residencial Cristalville, onde achou que poderia retornar. Ledo engano: uma vala escavada no asfalto impedia a passagem. Atarantado, ele ainda tentou explicar que precisava passar e pediu orientação, mas os operários se limitavam a mandá-lo desviar.
No final, confirmando que o trecho da via pública estava totalmente interditado, tomou uma decisão radical: voltou pela Rodovia dos Trabalhadores, pela contramão, e passou por cima do canteiro central. Nada satisfeito com a manobra que não é do seu perfil, chegou ao posto e conseguiu abastecer.
Disse ao frentista — que vem a ser o meu informante — "você não vai acreditar no que precisei fazer para chegar aqui". O frentista respondeu que acreditaria, sim, pois as obras naquela região explicam o fato de a gasolina estar tão barata naquele posto. Com a rua bloqueada, o estabelecimento ficou às moscas. A via deveria ter sido liberada no final de outubro, mas houve atraso, determinado por alagamentos em torno da rotatória. Ou seja, depois de tudo asfaltado, foi preciso cavar um buraco para corrigir defeito que poderia ser evitado.
E todas essas intervenções são feitas a qualquer hora, sem aviso prévio e sem qualquer assistência de agentes de trânsito. Os motoristas são pegos de surpresa e têm que se virar para seguir viagem.

***
A segunda dose de incompetência foi vivida por mim mesmo. Estava com a família no Boulevard Shopping, ontem à noite, quando faltou energia no momento em que nos preparávamos para sair. Primeira observação: as lojas permaneciam profusamente iluminadas (o consumo não pode parar!), mas ficamos sem refrigeração, numa angustiante sensação de abafamento, e sem iluminação de emergência em áreas importantes, como os banheiros e escadas. Embora haja placas de identificação luminescentes, elas se destacam tão pouco que mesmo eu, dotado de boa visão, quase dei de cara na parede. Escapei por ter parado, a fim de iluminar o caminho com o celular, providência aliás tomada por todos ao redor.
No guichê de pagamento do estacionamento, a surpresa: não existe nenhum plano alternativo. Bastaria fazer o pagamento manual, mas não havia nenhuma autorização para que o funcionário agisse dessa forma. A autorização deveria ser prévia! O sujeito me recomendou que fosse "conversar" na administração, para saber o que poderia ser feito. Perguntei se eu seria mantido em cárcere privado por causa da falta de energia e se ele não poderia comunicar-se com algum superior. Não podia: a comunicação é feita pelo computador! E não existe nenhum telefone, rádio ou sinal de fumaça para emergências. Que inteligente...
Decidi não me dar ao trabalho de caminhar até a administração. Àquela altura, o calor me atormentava. Subi às escuras pela escada (benditos celulares!) e retornei ao estacionamento. Pus esposa e filha no carro, liguei o ar e me dirigi à saída. Na cancela, um funcionário me informou que o pagamento podia ser feito manualmente, mas antes que eu tentasse lhe dar o dinheiro, esclareceu que deveria ser feito num guichê ao lado. Olhei: tome-lhe fila! Protestei que aquilo era um absurdo. Sabe qual foi a resposta? Ele pediu o meu tíquete. Pensei que daria um jeito de pagar por mim, mas não: ele me mandou prosseguir. Hesitei. "Como assim, o que devo fazer?" Mas ele confirmou que eu podia simplesmente ir embora.
Ou seja, enquanto um monte de gente passava calor numa fila, aqueles que se dirigiram às cancelas e reclamaram foram liberados do pagamento. Se não reclamasse, teria que descer do carro e ir pagar.
Acabei beneficiado, mas nada satisfeito. Além de ser ridículo o shopping mais requintado da cidade ser totalmente despreparado para gerir uma situação corriqueira, achei uma falta de respeito cobrar o estacionamento só de quem não reclamou. Se eu estivesse sozinho, teria descido do carro, ido à fila e dito a todo mundo o que deveriam fazer.
Palhaçada.

2 comentários:

Alan Bordallo disse...

Estive ontem também no Boulevard. Estava na fila do caixa eletrônica quando faltou energia. A intenção era tirar dinheiro para pagar o estacionamento, já que só tinha centavos no bolso. Com a falta de energia fui ao guichê do estacionamento saber que providência tomar. Uma senhora, acidentada e que se locomovia na cedira de rodas, perguntava sobre o elevador - que estava desligado - e o máximo que a atendente disse foi que havia uma escada no sentid oposto ao que ela se dirigia. Após 20 minutos, a atendente disse pra ir até a cancela falar com o supervisor. Esse, por sua vez, só recomendou que eu pegasse o carro e saísse sem pagar o tíquete.

Yúdice Andrade disse...

Portanto, Allan, teu depoimento confirma que quem se ferrou mesmo foi quem não se dirigiu à cancela de saída. Uma lástima.