segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Menos professores

Toda vez que escuto colegas professores reclamando da vida que levamos, sempre me pergunto se já se deram ao trabalho de comparar a nossa realidade, no ensino superior (no meu caso, privado), com a dos profissionais que se esfalfam nos ensinos fundamental e médio, sobretudo na rede pública. Tenho amigos labutando nessa seara e, quando escuto suas histórias, vejo-me quase no melhor dos mundos.
Obviamente, um jogo tão desfavorável precisaria ter consequências. Há cada vez menos professores e menos gente interessada em sê-lo. Onde isso vai dar, mesmo a curto prazo, você já pode prever.

4 comentários:

Anônimo disse...

Essa realidade é muito triste de se ver, Yúdice. Tem gente que adora dizer que brasileiro é burro. Pelo contrário, são inteligentes pra chuchu. São é tontos, porque não sabem valorizar o que deve. E com um governo como o nosso, que não valoriza nem investe na educação, infelizmente é esse o resultado. Mesmo porque é até feio de se ver hoje em dia. Os jovens que mal sabem o que fazer da vida, sem conhecimento algum de nada, desejam mesmo é ter uma vida fácil. Um trabalho num escritório, ar condicionado, bom salário, cafezinho quando bem entender. Em suma, um emprego americanizado. Não é bem assim. Quanto mais se sua pra subir um degrau na vida, mais se ganha durante o caminho. Mas vai colocar isso na cabecinha desmiolada deles… Bem, na verdade vc deve saber disso muito melhor do que eu :)

Alexandre

Ana Miranda disse...

Com os estudantes de hoje, dá mesmo para se pensar mil vezes antes de se optar pela profissão...

Yúdice Andrade disse...

Alexandre, sem querer fazer apologias ao atual governo, precisamos reconhecer que ele resgatou, ao menos um pouco, os prejuízos causados à educação brasileira pela era FHC. Acredito que os ensinos fundamental e médio não sofreram grandes mudanças, mas ao menos o superior tem o que comemorar: novas universidades públicas, aumento de vagas nas existentes, concursos para as carreiras docentes (que há tempos estavam irregulares), ProUni, FIES, que permitiram o acesso de estudantes mais humildes às universidades particulares, etc.
Infelizmente, sendo o ensino superior o topo do processo, não se pode resolver os problemas de uma nação começando daí.
Afora esse reparo, creio que tuas críticas são pertinentes.

Mas, Ana, os alunos já são a ponta do processo. Antes de cada criança se tornar estudante, já temos um sistema capenga e ineficiente, que engendra esse discentes desinteressados, agressivos, revoltosos. Mas isso não aconteceria, ou pelo menos não com tanta intensidade, se tivéssemos uma escola acolhedora, carinhosa a eficiente, já no ensino infantil. Se esta etapa funcionasse, todo o resto seria mais fácil. Daí porque o meu desespero de encontrar uma boa escola para a Júlia.
Mas eu posso pagar, não é?

Anônimo disse...

Concordo que o ensino pode ter mudado para melhor, Yúdice. Mas mesmo assim ainda tem muito chão para chegar ao que pode ser considerado razoável. É um trabalho árduo e contínuo que não pode nem deve parar. O governo aplica provas como ENEM, ENADE e outros E's, mas que na verdade não avaliam realmente a eficácia de ensino. Sabe por quê? Eu mesmo já participei do ENEM e recentemente do ENADE, em 2008. O pensamento de muitos estudantes era esse: "Poxa, que prova chata! Queria estar em casa nesse domingão de sol quente. Só porque fui obrigado a vir aqui, errarei de propósito. Não vou perder nada com isso mesmo..." Você como professor, acredito, não duvida disso, pois também já deve ter presenciado tais argumentações infundadas. Mas infelizmente é a realidade. A mesma coisa acontece com o ENEM. Esses escândalos que nem tenho acompanhado, de provas erradas, novas chamadas etc. Vejo que a educação aqui não é tratada com seriedade pelos verdadeiros portadores do poder.

Ouvi dizer que o salário dos professores iria aumentar e também receberiam bônus, conforme desempenho em sala de aula. Ótimo, isso é um excelente fator motivacional, mas acho que temos ambientes muito temperados no Brasil. Cada caso é um caso. Cada escola é uma escola. Cada professor é um professor. E estes devem ser tratados individualmente e com seriedade. Não deixar as crianças fazerem o que bem entender só porque os pais pagam pelo ensino.

Bem, para resumir, acho que os rumos que a nossa sociedade tem tomado não são plenamente satisfatórios, uma vez que vejo preocupações exageradas com certas coisas que não as merecem, quando fatores que merecem atenção são sumamente ignorados.

Alexandre