sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Relembrando

Meu professor de Direito Penal, Hugo de Oliveira Rocha, de quem fui monitor e que portanto está na gênese de minha carreira docente, era um homem impaciente. Embora muito de seu mau humor fosse uma capa que ele acreditava precisar em sua interação com os jovens acadêmicos, capa que mal escondia o seu bom coração e profunda humanidade, era rígido em certas posições que tomava. Por exemplo, não atendia alunos durante a prova. Não respondia a nenhuma pergunta e se aborrecia quando alguém tentava.
Eu também me aborreço, frequentemente. Mas não tenho a verve do mestre para cortar as iniciativas. E olha que deveria! É cada pergunta que me fazem que só vale mesmo mandar o aluno de volta para o seu lugar.
Os alunos da minha época eram mais obedientes, o que não implicava em ser abobalhados, de modo algum. Às vezes sinto falta do tempo em que os jovens compreendiam melhor a existência de regras e, malgrado a contrariedade, cumpriam-nas.

2 comentários:

Ana Miranda disse...

Foi exatamente isso que eu quis lhe dizer quando disse que os alunos de hoje desistimulam a carreira de futuros "mestres".
Creio eu que, que no ensino básico, ainda haja aquele interesse do alunos pelas aulas e pelo prefessor, mas, da 5ª série em diante, não sei não, acho que os prefessores perdem feio para internet e quando eles vão para o segundo grau e faculdade, os professores perdem para o álcool e festas.
Bem, essa é minha opinião, e olha que eu estou fora das salas de aula há séculos...

Yúdice Andrade disse...

Tem sentido, Ana. Mas isso não muda o fato de que a escola, em todos os níveis, precisa aprender a ser atrativa. O professor precisa saber como ser interessante, embora isso seja dificílimo num mundo de seduções covardes e, principalmente, quando o meio onde se insere a escola, o aluno ou ambos é repleto de carências.
Acima de tudo, precisamos vencer a ideia supremamente imbecil de que estudar é chato. Se as pessoas dessem valer ao aprender, saber coisas - quaisquer coisas, para a sua vida em geral -, dariam muito mais valor à escola e às ferramentas de aprendizagem.