A imprensa destacou, como sempre, a atitude de diversos idosos que, não sendo mais obrigados a comparecer às seções eleitorais, fizeram questão de participar, ontem, do processo democrático. Essas notícias normalmente se concentram em dificuldades que os idosos precisaram vencer para exercer a sua cidadania. Com efeito, é algo que merece mesmo elogios.
Infelizmente, há eleitores e eleitores, cidadãos e cidadãos. Ontem, quando eu deixava a minha seção após votar, uma senhora se apresentou apenas com o título de eleitor. A presidente da seção informou que ela não poderia votar. O marido ou companheiro dela, à porta, se aborreceu e, meio exaltado, afirmou que, numa outra escola, ele mesmo conseguira votar, no primeiro e no segundo turno, sem apresentar documento de identidade com foto.
Não sei o por quê mas eu, que normalmente me distancio desses atritos, acabei me metendo. Disse ao indivíduo que a lei fora modificada e que ele até podia votar sem o título, mas não sem um documento com foto. Que se em outro lugar ele fora admitido sem isto, o errado estava na outra seção. Ele respondeu que sabia, que a propaganda aparecia toda hora na TV, mas que na hora, "cadê a lei?" Por sinal, uma argumentação interessante, porque vazia. Ou seja, ele não disse lá com crá. Também acho curiosa essa mania das pessoas de invocar a lei como se fosse um ser consciente.
Sem se dar por vencido, o sujeito ainda questionou se a companheira poderia votar apresentando o comprovante de votação do primeiro turno. Uma pergunta boba, claro, ainda mais porque a própria informou que votara apresentando a identidade. Neste momento, ela se aborreceu e conclamou o parceiro a ir embora. Disse que não estava nem aí e que não seria por um único voto, o seu, que "ele" deixaria de se eleger. Ou Jatene ou Serra perdeu um voto. Deu assim, uma lição de cidadania e compromisso com o futuro do país.
O que mais me irrita em pessoas assim é que criticam a lei, o presidente da seção, o processo eleitoral, o candidato, o sol e a lua, só não criticam a si mesmos. Se a fulana tivesse levado a identidade, e não levou exclusivamente por culpa própria, nada disso teria acontecido. Detalhe: portar documento de identidade é obrigatório.
2 comentários:
Eu não entendo como uma pessoa sai de casa sem sua RG. Não importa aonde se vá, não dá para ir sem a RG...
Saiba que passei anos de minha vida brigando com minha mãe por causa disso. Diz ela que agora aprendeu.
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