Para quem não sabe, caranguejo é uma iguaria muito apreciada aqui no Pará. Tanto faz sucesso o chamado "toc-toc" quanto os pratos feitos à base da carne tirada do animal, também conhecida como "polpa" ou "massa". Há um ano, contudo, a venda da carne tirada foi proibida a partir de uma intervenção do Ministério Público estadual, por motivos ligados à saúde pública. É que o processo altamente rudimentar de retirada da carne de dentro do exoesqueleto do crustáceo consiste em chupar o material, o que nos levava à desagradável situação de consumir algo que fora cuspido por todo tipo de boca.
Muita gente não conhecia esse processo e ficou enojada ao saber. Eu conhecia porque em 1989 meu irmão ingressou no curso de Biologia e já estava a par desses detalhes sórdidos. Mesmo assim, admito que a informação nunca me perturbou. Quero crer que o cozimento eliminaria as bactérias. Mas saúde pública é saúde pública e o produto acabou proibido, salvo o inevitável câmbio negro. As imprescindíveis unhas de caranguejo sumiram das lanchonetes e os restaurantes deixaram de vender bolinhos, peixes recheados e a sopa. Uma lástima!
Eis que acesso o jornal, hoje, e me deparo com a notícia: "MP libera polpa de caranguejo". Um frêmito espontâneo denunciou a felicidade. Mas ao ler a matéria, veio a frustração: liberou apenas em São Caetano de Odivelas, durante o Festival do Caranguejo, na segunda semana de dezembro. E talvez seja liberado por mais algum tempo, mas tudo sob condições.
Eu me pergunto se o autor da matéria foi tolo ao escrever essa manchete ou se, pelo contrário, fez de propósito, para atrair a atenção de incautos como eu. Mas isso que é passar uma rasteira no leitor e ainda tripudiar do cara caído.
Essa minha amiga promotora de justiça, Eliane Moreira, vai ficar me devendo essa...
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