Os criminosos do Rio de Janeiro voltaram a fazer ataques contra a polícia e contra a população civil. Arrastões, tiros de fuzil disparados contra postos policiais e abordagens a veículos, que são incendiados, têm sido registrados em grande quantidade nos últimos dias. A população, claro, está atemorizada e os atentados vêm ganhando a imprensa.
Sem querer minimizar algo tão drástico, estou com a impressão de que a atual onda de violência está mais contida do que em anos anteriores. Veja-se que houve um ataque surpresa a um posto policial, mas não a uma delegacia. Sem dúvida, pela menor possibilidade de reação. Onde quero chegar? Na hipótese de que, se antes os atentados eram demonstrações de poder, agora eles mais parecem demonstrações de desespero. Criminosos acuados pelas autoridades e com menor poder de fogo (literalmente) recorrem ao velho expediente, embora com menores dimensões, para mostrar que ainda não saíram de cena.
Está claro que a situação tem a ver com as unidades de polícia pacificadora, progressivamente implantadas nas comunidades (não se atreva a falar em "favelas"; "Favela" agora é point frequentado pela classe média, em Belém). A polícia sobe o morro, expulsa os traficantes, implanta a UPP e modifica o estilo de vida no local. Restaura, em tese, o poder do Estado Democrático de Direito. Sem sua base territorial, os criminosos se dispersam e se atrapalham; migram para outro local, mas apenas se for possível.
Criminosos só têm em grande quantidade a capacidade de violência e, mais ou menos, o dinheiro obtido com suas atividades ilícitas. Mas são uns pé-rapados sem recursos intelectuais (salvo exceções, como um Marcola, que é inteligentíssimo) para engendrar grandes planos. São normalmente impulsivos e reativos. Sem dinheiro para manter seu arsenal e a estrutura de corrupção, ficam com poderes bastante combalidos.
No final das contas, o que conseguirão com esses ataques é obter uma resposta grandiosa do governo do Rio de Janeiro, que já começou. Pressionado pela mídia, o governo agirá com força total. E até mesmo a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 vão pesar nessa hora.
Sinceramente, estou considerando esses ataques uma demonstração de burrice.
2 comentários:
Na verdade, Yúdice, há uma cultura de violência que também precisa ser combatida com força total. O jornalismo e a indústria do entretenimento (não só no Brasil, mas em escala global) precisam rever seus conceitos com urgência, antes que a guerra civil faça mais inocentes. Novelas onde filhos humilham os pais, filmes policiais como Tropa de Elite, jornais com foco exclusivo no mal e outros produtos nada mais são do que a glamourização da violência.
Está nas mãos de todos nós mudar esse triste cenário.
Yúdice, é só ligar a TV e as burrices voam tela afora.
Alexandre
Postar um comentário