quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A bunda do Vadinho


Marcelo Faria, Carol Castro e Duda Ribeiro vieram a Belém para fazer seis récitas da peça Dona Flor e seus dois maridos, dirigida por Pedro Vasconcelos a partir da obra homônima de Jorge Amado. Fizeram nove. A grande procura lhes garantiu três sessões extras, mesmo com os ingressos num preço considerado salgado (70 reais, com valores menores para aqueles locais ruins do teatro).
Justiça seja feita, Belém sempre teve um público fiel para eventos culturais. Os espetáculos musicais que ocorrem todos os anos são sempre cheios, sejam gratuitos ou pagos. Concertos, música de câmera, ópera, dança e teatro sempre têm a garantia de uma platéia decente ou até além da expectativa.
Se eu escrever aqui que o motivo do interesse do público foi porque a produção teatral em Belém é pouca ou desinteressante, meu irmão me assassinará. Mas ele deve estar consciente de que esse é o senso comum. Nós sempre escutamos o cidadão comum dizer que "em Belém nunca há boas peças e, quando há, as pessoas se interessam". Escutei isso ontem. É uma opinião generalizada. Para essa espécie de "crítico", bom espetáculo é o que vem de fora trazendo atores televisivos famosos no elenco.
Se, por um lado, essa mentalidade é tosca e existe o hábito de menosprezar a prata da casa, por outro esta crítica meu irmão escuta de mim, com raiva, há anos é fato que o teatro paraense tem umas características estranhas, que afastam todo e qualquer público que não seja especialmente adepto dessas excentricidades. Além de ser um teatro feito sem recursos mas isso não é culpa dos artistas, podendo-se criticar os empresários medíocres de nossa terra, que consideram patrocínio cultural como perder dinheiro , sofre de uma compulsão por ser sofisticado, intelectualizado, não-linear e outros que tais. Ou seja, são espetáculos tão autorais que não é todo mundo que entende. Mas se você não entende, é sua a culpa por ser burro. E se não gosta, é um completo idiota. Já fui a umas tantas montagens atendendo aos apelos de meu irmão, mas hoje a paciência está mais curta. Acho lindo experimentação. Mas viver só de experimentação não dá.
Por isso mesmo, acho ótima uma produção como PRC5 A voz que fala e canta para a planície, do Grupo Cuíra (que eu, desgraçadamente, ainda não vi!), cujo mérito começa no caráter histórico do tema e avança por ser um espetáculo alegre, que não exige dos medíocres mortais, como eu, esforços mentais para tentar descobrir o que o sujeito quis dizer com suas frases desconexas ou linguagem corporal.
De repente, dei-me conta de que fugi completamente do assunto em que pensei. A minha única intenção era dizer que o sucesso de Dona Flor e seus dois maridos reside não no talento dos atores (até porque Faria e Castro, convenhamos... mas como não vi a peça melhor não comentar), e sim em dois fatores mais pragmáticos: os peitos de Carol Castro e a nudez em todos os ângulos de Marcelo Faria.
Isto prova uma verdade imorredoura: o povo gosta mesmo é de uma boa sacanagem.

4 comentários:

Luiza Montenegro Duarte disse...

Falando em atividades culturais de qualidade, que possivelmente nem é o caso da peça citada acima (que eu não assisti), gostaria de avisar a quem ainda não sabe que amanhã terá apresentação da Orquestra Sinfônica de São Paulo, no Teatro da Paz. Ótima oportunidade para quem gosta de música clássica, tão carente por aqui, ou ao menos que aprecia a apresentação de uma orquestra completinha, que é muito, muito bonito.

Só fico triste de uma coisa como essas ter tão pouca divulgação. Saiu uma matéria grande ontem, no Liberal, mas apenas um dia e se por um acaso você sai de casa naquele dia sem ter lido o caderno de entretenimento, ficou sem saber! Bem diferente da ostensiva divulgação de eventos como o Pará Folia, que tem apelo apenas mercadológico e gosto totalmente duvidoso.

Anônimo disse...

YuYu... eu pensei que fosse ver "só" uma bunda...(hahahahah). As velhinhas quase morrem no teatro! Sabes que eu gostei mais da amiga da Flor (que eu não me lembro do nome) que é dona de uma casa de prostituição e de uma mulher que faz o papel de uma fofoqueira com um defeito na perna - hiper engraçadas. Aliás, o elenco "de apoio" digamos assim, é excelente!
A Carol Castro (que tem uns peitões de silicone bonitos... mas uma perninha fiiiiiina - e olha que estou reproduzindo opiniões masculinas) é apalpada de tudo quanto é jeito. Aliás, metade do elenco é apalpado pelo "Vadinho" (Farias) - que, por sinal, nem me causou comoção, digamos assim... Na terceira vez em que ele fica nú no palco eu já virei pro lado e perguntei pra minha amiga: "De novo?!?". Mas garanto que se fosse o Gianecchini eu comprava ingresso para todos os dias!!!
Beijos, Yuuuu!!!

Anônimo disse...

Yudice, obrigado pelos elogios. Imagine que até antes de um vendaval que durou doze anos na nossa Cultura e levará mais de vinte, certamente, para repor tudo no lugar, cansei de lotar Teatro da Paz e Schivazapa com minhas peças. Infelizmente, é preciso um longo trabalho de reconstrução. Fazemos nossa parte, lá no Cuíra. Venha nos assistir. Nós, belemenses, passamos a considerar Cultura, Lazer. Assim, vamos assistir a bunda e o pinto do rapaz da Globo e os possíveis seios da belíssima atriz e o resto não importa. Eles e outros tantos globais vêm, lotam e vão embora felizes. Nós estamos na luta. Abraços.
Edyr

Yúdice Andrade disse...

Tanto é verdade que tens razão, Luiza, que embora eu adore música clássica, não fazia a menor idéia de que a Sinfônica de São Paulo estaria aqui. Soube agora, através de ti. E isso me suprime por completo a possibilidade de ir, já que estamos em cima da hora (isso se eu tivesse disponibilidade, o que não é o caso).

Em peças assim, Ju, o elenco de apoio se destaca porque realmente tem talento. Isso é recorrente. Cito um exemplo concreto: vi a montagem "global", digamos assim, de "O Tartufo", aqui em Belém. O chamariz era Eduardo Moscovis, mas o grande destaque era mesmo o paraense Cacá Carvalho, de quem a mídia só sabe dizer ter interpretado o Jamanta, em "Torre de Babel", da Globo, para variar.
Os exemplos seriam muitos. Beijo.

Meu amigo Edyr, imaginei que passarias aqui pela blog e deixarias um comentário. Não citei a tua peça por isso, claro, mas por ser um exemplo bem atual de espetáculo bem sucedido. Só não vi porque realmente não foi possível, já que preciso auxiliar minha esposa com o bebê. E não me divirto sem ela do mesmo jeito.
À luta, meu amigo! Se é assim que tem que ser, que seja!