A cena se repete com freqüência cada vez maior. Meninos e meninas saem praticamente carregados de festas de 15 anos realizadas em clubes e casas de recepção em Belém. O mais grave é que as bebidas alcoólicas são servidas aos menores por garçons e barmens (sic), cujo comportamento não vem sendo devidamente fiscalizado pelos promotores das festas. A prática atenta contra o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Repórter Diário, hoje
De fato, é deprimente e degradante que o alcoolismo — nome real do que a sociedade em geral chama de "beber socialmente" — venha se disseminando tanto e cada vez mais cedo. Contudo, a nota da coluna virou suas baterias para o lado errado. Embora objetivamente sejam os trabalhadores que servem mesas a entregar a bebida nas mãos dos jovens, não compete a eles a educação senão dos próprios filhos. Eles são empregados e estão a serviço. Fazem o que lhes mandam e não julgam se é certo ou errado.
Não afirmo, obviamente, que não têm responsabilidade alguma. Mas se receberem ordens de atender aos frequentadores de clubes, o que podem fazer? Deixar o cliente insatisfeito e se submeter às reclamações? Suportar as carteiradas da playboyzada — ou pior: dos pais?
São as famílias que não estão cumprindo o seu papel de educar. E o poder público, claro, de não fiscalizar o que os promotores de eventos não fiscalizarão porque não lhes interessa. Querem mais é que a turma beba, pois assim sairão com a sensação de que a noitada foi perfeita — o que eu, definitivamente, jamais entenderei.
No final, falta a sociedade — cada pessoa — parar com essa mania estúpida de achar que álcool é um componente necessário da alegria e deixar de ser tão permissiva.
7 comentários:
Oi, Yúdice.
Meu caro... Minha relação com o álcool sempre foi "problemática"..... Isso porque já tentei experimentar de tudo - ice, vinho, cerveja, etc) e nada, absolutamente nada, desce. A questão, veja bem, não é social, é de gosto. Não gosto e ponto.
Sou a única, dentre aqueles que convivo, que não coloca um pingo de álcool na boca. Até meus irmãos - e deles me lembrei em razão de seu post - que têm 20 e 18 anos, adoram beber.
Não tenho como ir contra, até porque não moro, há algum tempo, com eles. Igualmente meu pai e minha madrasta, que se limitam a indicar que o exagero pode trazer várias consequências ruins...
Ocorre que, mesmo com as advertências, eles ainda pisam, às vezes, na bola... Sabe por quê? Porque dentre os amigos deles TODOS bebem. Enfim, apesar de não ter havido, até hj, algum problema de maior repercussão, estamos de olho.
Falei tudo isso para dizer que é difícil lidar com adolescente... E olha que pretendo ser mãe daqui a alguns anos....
É isso. Resta-nos sempre esclarecer, indicar o melhor caminho... Mas, com uma certa idade, é difícil limitar. Então, é torcer para que meu filho ou filha "puxe" a minha aversão ao álcool (vou torcer pela Julinha tb).
Mas isso não é garantia de nada!!!
Beijos,
falou pouco, mas falou bonito.
Rita,
"...dentre os amigos deles TODOS bebem..."
Este é o problema da moçada hoje em dia: não ter personalidade, não ter coragem de assumir sua própria opinião. Se os jovens fossem menos preocupados com opiniões alheias, certamente rejeitariam o consumo irresponsável de bebida alcoólica.
Yúdice,
Além de questionar a cultura de beber "para ser feliz", precisamos colocar em debate o seguinte: a música que anima as festinhas, muitas vezes é a grande incentivadora de comportamentos errados. Veja o absurdo forró "beber, cair e levantar", por exemplo. Nessa pérola do mau-caratismo, os autores incentivam explicitamente os jovens a beber. Valores morais distorcidos passam a ser encarados com naturalidade.
Eu não era a favor da censura, mas comecei a rever este posicionamento.
Um grande abraço!
Adelino Neto
Gosto de beber, confesso; mas, quando bebo, é por gostar da substância em si (cerveja), tanto que não consumo qualquer outro tipo de bebida. Desde que passei a conduzir meu carro - principalmente à noite - não bebo mais. Não por medo, e sim por responsabilidade. Agora, só bebo minha cerveja à Homer Simpson: em casa, vendo jogos de futebol.
Essa coisa de beber em festas de 15 anos, para mim, é compreensível, não que não seja reprovável. Há um dilema para os pais, acredito. Se der liberdade ao filho, ele fará tudo que der na telha; se reprimi-lo, fará escondido. Creio que essas limitações formam-se intrinsecamente em cada um.
Meus pais nunca me reprimiram quanto ao álcool, acho que por isso adquiri essa responsabilidade hoje em dia: não quero beber em festas ou em qualquer momento antes de dirigir. Talvez muitos que tiveram essa liberdade, hoje em dia, se entorpecem por aí, como se o mundo fosse deles. Está no âmago de cada um, quiçá na genética.
É professor, essas questões se traduzem um tanto complicadas. Não conduzo a opinião de que o problema esteja nos garçons ou barmens, mas nas famílias. Sou enfático ao discordar de sua conceituação econômico-social, apesar de respeitá-la. Acredito que tudo gira muito mais em torno de vários aspectos educativos, culturais e familiares, e não deste que o sr. cita.
Compartilho da opinião que a família é que deveria estabelecer normas e educar os filhos de maneira a ensiná-los sobre a maledicência do álcool. Me impressiono com a quantidade de pais relapsos que apoiam esse tipo de comportamento de seus filhos. (Vejo na prática esse tipo de coisa)
Não uma simples educação, nem uma educação repressora, mas uma que ensinasse a moral e os bons costumes, sempre regrando de acordo com uma dosagem de limites, sem aumentá-los ou diminuí-los muito.
Também creio que o problema, antes de pairar no âmbito econômico, se traduza em uma natureza cultural, o que ocorre no brasil também no mundo.
Em minha opinião, o resgate dos antigos valors éticos e morais, o que a meu ver não faz mal a ninguém, seria uma boa maneira de começar a modificação destas ocorrências e a visão de um futuro melhor.
=)
Abraços Yúdice!
Rita, temos isso em comum: também não bebo pelo motivo de que não há bebida alcoólica que me apeteça. Não é religião, nem posição político-filosófico ou nada assim. Trata-se apenas de não gostar, daí que não critico o consumo em si de álcool, mas o modo como as pessoas se relacionam com ele, pondo-se desde logo numa postura de dependência. Aí se confunde o paladar, o desejo pela coisa em si, com elementos os mais diversos, como a ânsia por aceitação social, por pertencer a uma tribo, por abdicar de certos limites, etc.
Peço a Deus que me ensine a explicar isso a minha filha. Se um dia ela resolver beber, que não seja por pobreza de espírito. Obrigado pela preocupação com ela.
Anônimo, obrigado.
Adelino, não é de hoje que nos ocupamos das péssimas influências pseudoculturais que vêm de todos os lados, não? Certamente, elas ajudam a fazer o estrago, porque é cômodo me esconder atrás de uma letra de "canção", quando então todos têm responsabilidade por seus atos, menos eu.
Infelizmente, Gabriel, podes ser apontado como uma exceção. Afinal, pelo que se deduz, as tuas escolhas são pessoais. O problema é que, na maioria dos casos, a escolha é mal feita - mesmo quando as famílias se esforçam por dar uma boa educação. Muitos preferem fazer justamente o oposto, só para marcar posição. Posturas assim, lamento dizer, já custaram algumas vidas de pessoas que eu conhecia.
Léo, não entendi bem o que quiseste dizer com minha "conceituação econômico-social". Se foi uma alusão ao termo "playboyzada", entende que eu dava um exemplo que considero pertinente e freqüente, embora com certeza esteja longe de explicar um fenômeno de tal magnitude.
Amigos, um prazer conversar com vocês.
Era esse mesmo professor.
=)
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