quarta-feira, 23 de março de 2011

Minhas mal traçadas linhas

Dia desses, escrevendo sobre o próprio blog, mencionei o meu desejo de ser escritor, jamais realizado devido à falta de talento. Rapidamente acorreram os amigos (tinham que ser os amigos!), notadamente Sandro Simões e Alessandra Gorayeb, rebatendo minha dura afirmação e massageando meu ego com comentários pelos quais agradeço muito. Devo dizer, contudo, que minhas ponderações não se deveram a falsa modéstia nem desejo de ser afagado, e sim porque desde a adolescência tento escrever contos ou até coisa maior, que merecesse ser lida, mas sou o primeiro a considerar tudo muito ruim. Esse material foi todo destruído. Não restou absolutamente nada.
Curiosamente, este blog registra as três únicas incursões minhas pelo mundo das letras ficcionais. Antes mesmo de ele completar o seu primeiro ano de existência (28 e 30 de julho de 2007), publiquei dois continhos dos quais não me envergonho e que até considero simpáticos. Em 23 de novembro daquele mesmo ano, publiquei o terceiro e último. Naquela época, contudo, o blog não possuía o volume de visitas de hoje, nem era acessado por gente como a escritora Ana Miranda, a poetisa e cronista Alessandra Gorayeb, o poeta Ivan Daniel Amanajás, o filósofo André Coelho, o estudiosíssimo Adrian Barbosa, os colegas blogueiros do Flanar (salvo o Val-André Mutran) e outros, como o próprio Sandro Simões, a Aline Bentes, o Kenneth Fleming e vários outros que continuamente vêm aqui deixar a sua mensagem.
Por isso, e considerando que é muito raro alguém visitar o arquivo dos blogs, decidi trazer à tona outra vez aqueles textos, que reputo como exercícios de escrita.
O primeiro deles, "Abandono", é um relato curto e seco sobre pessoas que se sentem sem alternativas. Depressivo.
O segundo, "Na sacada do sétimo andar", é o meu favorito, porque tem mais a ver comigo. Relendo-o, esta tarde, até sorri com algumas frases. Recordo-me que sua leitura foi gentilmente recomendada pelo Val-André Mutran, em seu próprio blog, que foi muito simpático em considerar que a leitura dava um medinho.
O terceiro, "Miniconto psiquiátrico", como o próprio título já denuncia, é de uma exiguidade dramática. Na verdade, foi apenas um rompante que tive e que se expressou em não mais que cinco frases. Mas confesso que me diverti com ele.
Espero que se interessem em ler essas minhas tentativas e que elas lhes tragam algum proveito.

6 comentários:

Edyr Augusto Proença disse...

Yúdice, você tem muito talento. Escreva.
Abs
Edyr

Ana Miranda disse...

Irei lê-los hoje à noite, (estou indo correr agora)depois volto e comento.

Ana Miranda disse...

Gostei dos três, mas o meu preferido foi o "Na Sacada Do Sétimo Andar".

Luiza Montenegro Duarte disse...

Yudice, ainda não consegui ler. Esta semana está bastante corrida e percebi que os contos são um pouco extensos (salvo o último, que é curto, mas passa a mensagem com maestria!).
Então, meu comentário não se refere aos seus textos, mas é engraçado como as pessoas acham que o fato de saber/gostar de escrever significa capacidade de criar uma história.
A minha amada Tônia, por exemplo, surtou, dizendo que eu deveria escrever um livro! haha. Ora, eu posso até ter algum talento para me expressar sobre a vida cotidiana, mas estou certa de que não tenho nenhum para elaborar uma história interessante.
Esse, contudo, não parece ser o seu caso, pelos comentários elogiosos aqui e na caixa de comentário dos textos. Ainda neste fim de semana, pretendo tirar minhas próprias conclusões. :)

Yúdice Andrade disse...

Prometo continuar tentando, Edyr. Um elogio meu significa muito para mim.

Depois me dizes o motivo da preferência, Ana.

A amizade que nos devotam, às vezes, levam a essas sugestões estranhas, Luiza. Devemos ficar felizes pela boa intenção de quem nos ama.
Agradeço a predisposição para a leitura.

Adrian Silva disse...

Quatro dias após a postagem, tenho acesso à ela. Aproveitando o ensejo dado ("o 'estudiosíssimo' Adrian Barbosa"), tenho que confessar que agora, estudando, vim ver, como de constume, o interessante em seu blog. Enfim, professor, li os textos e não posso permanecer em opiniões diferentes às pessoas que o incentivam à produzir escritos, outrora, ensaios. Difícil mesmo seria imaginar que alguém que aprecia os dons da articulação e ama dizer o bom português clássico (da forma mais impecável possível), poderia escrever em um nível abaixo do alto.
Quanto às suas criações mencionadas na postagem, a terceira, "Miniconto Psiquiátrico", a meu ver, me tocou mais profundamente. Ainda que "hipotética", me pareceu bastante verídica, e deslocou do mundo das ideias ao dos fatos, o impressionismo na razão de ser (raison d'être) de um ser humano. Maravilhoso!
Quanto aos demais, não posso esconder a impressão, que tenho confirmada, do seu alto poder de descrição. Quer dizer, criação da realidade em mente (principalmente através de adjetivos). Não é de agora que percebo isso, professor.
Admiro bastante o seu modo de escrever, e se um dia for de meu alcance um mínimo teor desta qualidade, a felicidade será transparente à todos.
Então, Aristóteles estava certo ao dizer que é através do uso da razão (qualidade da essência/condição humana que a diferencia das demais raças de animais) que o homem se torna feliz. É uma virtude. E, claro, não podemos esquecer que o mesmo também dissera que os homens podem se tornar imortais através de suas obras, certo? Ele também deve receber méritos quanto a esta assertiva, afinal de contas, o fato de eu me encontrar neste exato momento falando sobre ele (principalmente, sobre o conhecimento fruto de suas obras) só comprova isso (após, pelo menos, 2.400 anos de humanidade de lá para cá).
Caro professor, fica a dica. Acabe com a modéstia e faça o que tenha que ser feito.

Forte abraço,
Adrian Barbosa.